Crítica Romance/Ação

Novelão cativa espectador com mistura pirotécnica de amor com terrorismo

"Fanaa" demorou seis anos para desembarcar no Brasil, mas chega em boa hora. No país onde virou moda "congelar" fotinhos de redes sociais em homenagem à novela das nove, "Fanaa" pode se sentir em casa.

A história da mocinha cega da Caxemira que conhece um misterioso guia de turismo numa viagem a Nova Déli condensa tantas reviravoltas quanto as que orbitam o lixão de "Avenida Brasil".

Mas é bom ter em mente que não estamos no Divino, mas em Bollywood -e numa produção especialmente pirotécnica dessa indústria.

"Fanaa" começa como uma história romântica esteticamente semelhante a um comercial de desodorante e se desenrola até parecer prever "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge" (lembrando, o filme é de 2006).

O galã Aamir Khan constrói seu guia Rehan sobre algumas tradicionais camadas de canastrice. A bela Zooni, interpretada por Kajol, parece mais boba e frágil do que cega. Ao longo do primeiro terço do filme, o menu não vai muito além disso.

Quando o romance já está engatado, Zooni volta a enxergar (as reviravoltas são tantas que isso não chega a constituir um "spoiler"), e o filme toma o rumo de uma fita de ação com terrorismo.

Só que aí é tarde demais: o espectador pode até tentar se convencer de que está achando aquilo tudo ridículo, mas já está fisgado.

Rehan perde um pouco do aspecto de canastrão. Zooni parece menos tonta. Surgem comunicadores e armas.

Para quem já se pegou hipnotizado por números musicais de Bollywood e vai atrás deles, há um problema: a versão brasileira cortou cerca de 20 minutos das coreografias, para tentar tornar o produto mais palatável.

Algo do charme se perde, mas o novelão de duas horas e meia ganha mais fôlego. Segura na mão de Shiva e vai.