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Maior festival de arte do mundo tem peça em elevador e barco

Fringe, em Edimburgo, agrega teatro, dança, música e stand-up

FERNANDA MENA
ENVIADA ESPECIAL A EDIMBURGO

Na noite de hoje acontecem as últimas das 40 mil sessões de teatro, dança, música e stand-up da programação do Fringe 2012, em Edimburgo, na Escócia.

O evento é considerado hoje o maior festival de cultura do mundo e ocorre todo mês de agosto, quando a cidade é tomada por cinco festivais simultâneos, que atraem 500 mil visitantes.

"Ser apenas um entre 2.860 trabalhos apresentados e entre 21 mil artistas participantes faz você se sentir como uma formiga. E foi trabalho de formiga o que fiz", conta o ator Guilherme Leme, o único representante brasileiro no Fringe deste ano.

Leme, que ensaiou sua versão em inglês de "O Estrangeiro", de Albert Camus, por dois meses, veio ao Fringe com recursos próprios.

Em 2013, pelo menos seis companhias de teatro do Brasil farão parte da maratona.

Em tempos de crise na Europa e de busca por novos mercados, o British Council trouxe a Edimburgo uma delegação de programadores brasileiros para garantir que a participação do país no Fringe seja uma via de mão dupla.

Criado em 1947, mesmo ano em que estreou o Festival Internacional de Edimburgo, o Fringe surgiu como um ato de rebeldia.

Oito grupos de teatro que não haviam sido convidados para o festival resolveram criar seu próprio evento, que ocorreu, como o nome indica, às margens do oficial.

Hoje, ao lado do Festival de Avignon, na França, a mostra é considerada vitrine global de novas peças e tendências das artes cênicas.

"Hoje somos o maior evento da indústria cultural no mundo. Mais de mil produtores e programadores culturais vêm buscar aqui o material para seus eventos", gaba-se Neil Mackinnon, um dos organizadores.

FILHOTE EM CURITIBA

O modelo do Fringe foi copiado no mundo todo, inclusive no Brasil, onde a seção paralela do Festival Internacional de Teatro de Curitiba tem esse nome desde 1997.

Na Escócia, qualquer artista ou grupo pode integrar o festival. Basta pagar uma taxa de 350 libras (cerca de R$ 1.220) e negociar com recursos próprios um espaço.

Além disso, o Fringe organiza workshops para os artistas e encontros com programadores locais e internacionais que estão na cidade.

A variedade de espaços é enorme. Há cerca de 300 "teatros" na cidade: prédios históricos, igrejas, barcos, apartamentos, estacionamentos, elevadores e, é claro, até teatros convencionais.

Alguns locais são palco de até oito espetáculos em um só dia. Nesse contexto, a equação entre o livre acesso de artistas ao evento e a qualidade do que é apresentado parece enigmática.

"Talvez a qualidade se dê por conta do ambiente competitivo. Ou simplesmente porque os artistas querem trazer o seu melhor ao Fringe. Mas há muito lixo também, porque todos se sentem bem-vindos", explica Mark Fisher, crítico de teatro dos jornais "Guardian" e "Scotsman" que lançou um "manual de bordo" sobre como "navegar" pelo mar de peças do festival.

Sobre a participação de seis montagens brasileiras no Fringe 2013, Fisher alerta: "Há um apetite pelo exótico e pelo novo, e o Brasil passa essa ideia. Mas há também um tanto de resistência a línguas estrangeiras".

Segundo ele, nesta edição do festival, houve maior presença dos teatros polonês e sul-coreano. "Encontraram maneiras de quebrar a barreira da língua sendo muito físicos ou não muito verbais. Nunca houve quantidade substancial de trabalhos brasileiros no Fringe, a não ser algumas coisas um tanto exuberantes, com cara de Carnaval. Estou bastante curioso."

A jornalista FERNANDA MENA está hospedada a convite do British Council

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