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Tecnologia barateia custos de produção

DE SÃO PAULO

Não é só a abordagem de temas próximos a seus cotidianos e a inspiração em diretores internacionais que aproxima os novos cineastas brasileiros.

A tecnologia também deu a eles a oportunidade de rompimento com o "cinema de edital" que contamina boa parte da produção nacional.

"Essa geração nova está preocupada em fazer filme de verdade, e não apenas longas para colocar discursos políticos. Querem experimentar e têm um processo tecnológico único à disposição", diz William Hinestrosa, do festival de curtas de São Paulo.

"Hoje, você pode fazer tanta coisa com a tecnologia. Para que ficar esperando edital?", questiona Gustavo Galvão, que filmou "Nove Crônicas..." por R$ 20 mil e recebeu apoio financeiro de um fundo de cultura do Distrito Federal só para a finalização.

"A gente faz cinema com tesão", resume Poyart, que investiu dinheiro da própria produtora para bancar sua estreia nos longas e acabou levando prejuízo.

Apesar da universalidade de seus filmes, esses diretores têm dificuldade em vender o "pop global" no país.

"Os produtores brasileiros não querem arriscar em comédias que busquem algo novo, apenas no que deu certo com piadas dos anos 1990", descreve Matheus Souza, que foi contratado pela Globo para desenvolver novos programas jovens para a emissora, mas não vai desistir do cinema.

A vontade de nadar contra a maré é forte em Pernambuco. Daniel Aragão, que acabou de ter seu "Boa Sorte, Meu Amor" premiado em Locarno, na Suíça, cita uma cena de "O Som ao Redor" -um segurança dá um murro em um menino- para ilustrar a nova rebeldia do cinema jovem.

"Se o produtor fosse da geração antiga, não permitiria a cena. Havia uma preocupação com o humanismo e com repetir clichês. A gente está se lixando para isso", define o diretor. "Meu filme é sobre um cara que perde a fazenda. É um faroeste violento. Filmei na fazenda da minha família, usei ex-sem-tetos para atuar. Fomos ao limite."

(RS)

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