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Crítica Artes Visuais

Obras artesanais de Cruz-Diez ultrapassam ambição high-tech

Ao perceber a natureza instável da cor, Cruz-Diez criou um corpo de trabalhos caracterizados pela exigência da participação do espectador

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

Muitos foram os caminhos trilhados por artistas latino-americanos para escapar dos cânones modernos e proporcionar ao espectador novas formas de percepção da arte.

"Cruz-Diez: a Cor no Espaço e no Tempo", em cartaz na Pinacoteca do Estado, apresenta uma das pesquisas mais originais e consistentes de uma dessas trilhas, a partir da trajetória do venezuelano Carlos Cruz-Diez, 89.

A mostra, organizada pelo Museu de Belas Artes de Houston e com curadoria de Mari Carmen Ramírez, apresenta 150 obras que abarcam toda a trajetória de Cruz-Diez.

Como grande parte dos artistas de sua geração, ele iniciou sua carreira com pinturas figurativas, nos anos 1950.

Contudo a temática de conteúdo social, como a miséria de Caracas, logo foi trocada por murais cromáticos, graças a uma lógica de certa forma comum a outros latinos.

Se ao pintar a pobreza Cruz-Diez não podia transformá-la, melhor criar situações que alterassem a percepção dos que olhassem para suas obras, permitindo, assim, novas experiências.

Com isso, sua grande investigação passa a ser a manifestação da cor no espaço.

Percebendo a natureza instável da cor, de acordo com o deslocamento do observador e a organização cromática na obra, Cruz-Diez criou um corpo de trabalhos caracterizados pela exigência da participação do espectador.

Afinal, é apenas com o movimento do espectador que seus trabalhos se realizam de fato, o que se pode comprovar na série "Fisiocromias", na Pinacoteca.

Tal procedimento ampliou-se para obras de grande porte, como os projetos apresentados na mostra em maquetes e fotos.

Apesar da construção de suas obras partir de um caráter simples e artesanal, Cruz-Diez alcança um resultado que vai muito além do que se produz com alta tecnologia.

CRUZ-DIEZ: a COR NO ESPAÇO E NO TEMPO

QUANDO de ter. a dom., das 10h às 18h; até 23/9

ONDE Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2; tel. 0/xx/11/3324-1000)

QUANTO R$ 6

CLASSIFICAÇÃO livre

AVALIAÇÃO ótimo

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