Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Mostra exibe série clássica do venezuelano Alejandro Otero

'Coloritmos' trava forte diálogo com construtivismo brasileiro

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Num campo exíguo, listras de cores quase sempre primárias, intercaladas por branco e preto, parecem vibrar. Em seus "Coloritmos", Alejandro Otero, morto aos 69, em 1990, tentou explorar o caráter musical e arquitetônico da cor.

Essa série, considerada um marco da abstração geométrica na América Latina, tomou cinco anos da vida do artista venezuelano. De 1955 a 1960, ele fez 75 dessas composições, 44 das quais estão agora reunidas numa exposição que começa amanhã na Estação Pinacoteca.

Junto de Jesús-Rafael Soto e Carlos Cruz-Diez, que tem retrospectiva em cartaz na Pinacoteca do Estado, a poucas quadras dali (leia nesta pág.), Otero foi um dos nomes centrais da arte venezuelana no século 20 e dialoga com os construtivistas brasileiros.

"Houve um projeto moderno no nosso país, um movimento também utópico", diz a venezuelana Rina Carvajal, curadora da mostra. "Na Venezuela, a linguagem abstrata geométrica foi tão importante quanto foi no Brasil."

Impossível, aliás, olhar para os "Coloritmos" de Otero sem pensar nas "Superfícies Moduladas" de Lygia Clark ou nos "Objetos Ativos" de Willys de Castro, brasileiros da mesma geração também com mostras em cartaz, paralelas à Bienal de São Paulo, que começa nesta terça.

Em todos esses projetos, há um desafio ao plano, uma pintura que não cabe na moldura e precisa avançar para o espaço físico do entorno.

Otero procurou esse movimento na vibração que atingia ao aproximar faixas de cor que se complementam ou desafiam uma a outra no plano.

Ele primeiro entendeu isso estudando os campos cromáticos do construtivista holandês Piet Mondrian e mais tarde ao mergulhar no projeto de vanguarda que foi a construção da Universidade Central da Venezuela em Caracas.

Na obra dos anos 1950, artistas como Alexander Calder, Cruz-Diez, Fernand Léger e Jean Arp gravitaram em torno do arquiteto Carlos Raúl Villanueva na tentativa de erguer um complexo arquitetônico em diálogo íntimo com as artes visuais, como nos experimentos modernos de Oscar Niemeyer no Brasil.

ARQUITETURA MUSICAL

"Sua experiência arquitetônica informou muito dos 'Coloritmos'", diz Carvajal. "Ele construiu mosaicos, pinturas, todos elaborados dentro daquela arquitetura."

Depois, Otero passou a encarar sua obra plástica como uma arquitetura em escala íntima, um plano que reverbera no espaço de acordo com um ritmo cromático. Ou seja, construiu uma superfície que seria ao mesmo tempo cor, linha e partitura musical.

"Se fosse atribuída uma nota a cada faixa de cor, imagino que haveria uma composição ali", diz Carvajal. "Essas obras criam a noção de volume mesmo no plano bidimensional da tela, têm intensidade de vibração."

ALEJANDRO OTERO

QUANDO abre amanhã, às 18h; ter. a dom., das 10h às 18h; até 6/1/2013

ONDE Estação Pinacoteca (lgo. Gal. Osório, 66, tel. 0/xx/11/3335-4990)

QUANTO R$ 6

CLASSIFICAÇÃO livre

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.