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Irado!

Ex-vocalista do Ira! lança autobiografia e revela sua versão para o fim da banda de rock

Ze Carlos Barretta/Folhapress
Nasi, 50, ex-vocalista do Ira!, lança livro neste mês
Nasi, 50, ex-vocalista do Ira!, lança livro neste mês

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Cinco anos depois de uma separação violenta, com direito a brigas, interdições judiciais e xingamentos públicos, Nasi, 50, ex-vocalista

do Ira!, lança no próximo dia 10 um livro sobre sua vida no qual dá sua versão para o fim de uma das mais queridas bandas do rock brasileiro.

"A Ira de Nasi", escrito pelos jornalistas Mauro Beting e Alexandre Petillo, conta as histórias de Nasi e do Ira!, sem poupar ninguém -especialmente o próprio Nasi.

"A única coisa que não queria era fazer um livro chapa-branca", diz o cantor. "Fiz muita merda, tenho consciência disso. Por isso mesmo coloquei na capa uma foto em que apareço com um lado do rosto iluminado e outro escuro: para mostrar que todo mundo tem seu lado negro."

Nasi conta que não planejava lançar uma biografia, mas que recebeu o convite da editora Belas-Letras e achou que seria uma boa oportunidade de contar sua história.

Inicialmente, ele procurou o jornalista Alexandre Petillo, que havia trabalhado longamente em uma biografia do Ira!, nunca lançada por causa do fim da banda. Mas Petillo havia se mudado para o interior de São Paulo. Nasi convidou então Mauro Beting para escrever o livro, usando como base pesquisas de Petillo e adicionando suas próprias investigações sobre os motivos da separação do Ira!.

Segundo Nasi, o livro é um relato honesto e imparcial dos 26 anos do Ira! e de seus 50 anos de uma vida atribulada e cheia de momentos dramáticos. "Há histórias ali que nem pessoas próximas da banda conheciam", diz.

Uma dessas histórias, que deixou marcas profundas, foi o romance de Nasi com uma então namorada de Edgard. Segundo o livro, Edgard chegou a ameaçar "quebrar a cara" de Nasi e abandonar o grupo, em 1995. "Esse triângulo amoroso foi uma chaga na vida do Ira!", diz Nasi.

Mas nenhuma história chega perto do caso de Nasi com uma moça cuja família fazia parte de uma perigosa quadrilha de estelionatários que fraudava o INSS.

É uma trama policialesca de primeira, com direito a sequestros, ameaças de morte, tortura e até magia negra. "Pouca gente sabe, mas a banda quase acabou por causa desse episódio", conta.

O envolvimento do cantor com drogas também é relatado em detalhes: "Eu assumo tudo de errado que fiz, não tenho problema nenhum em contar o que aconteceu". Ele diz que chegou a ser ameaçado de morte por ter contraído uma dívida imensa com um traficante e se internou voluntariamente numa clínica em 1997 para curar sua dependência de cocaína.

"Minha casa virou a meca da coca", conta Nasi no livro, em que relata visitas de figuras ilustres como o músico australiano Nick Cave e Sebastian Bach, vocalista do grupo de hard rock Skid Row, e que, segundo Nasi, acabou "se apaixonando" pelo traficante que abastecia a casa.

Nasi diz não ter ideia de como será a reação de seus ex-companheiros do Ira! ao livro: "Minha única preocupação foi contar a verdade e falar dos fatos, sem julgar ninguém".

Mas ele admite que faltou maturidade à banda: "A relação profissional do Ira! sempre foi muito infantilizada. Todo mundo tem responsabilidade pelo que aconteceu. Sabe, os Rolling Stones estão aí há 50 anos. Eles não aguentam nem olhar para a cara uns dos outros, mas souberam ter uma relação profissional adulta e pensar na banda antes de tudo. E isso, nós nunca soubemos".

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