Debate relembra a contribuição literária de Roberto Ventura

O Instituto Moreira Salles promoveu na noite de anteontem um encontro para homenagear Roberto Ventura (1957-2002).

O debate -em tributo a um dos maiores estudiosos de "Os Sertões", de Euclydes da Cunha, realizado no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional- teve mediação de Flavio Moura, do IMS, e participação do jornalista Mario Cesar Carvalho, da Folha, da antropóloga e professora Lilia Schwarcz, e do escritor, ensaísta e professor Francisco Foot Hardman.

As quase duas horas do evento foram marcadas por análises sobre a herança cultural do acadêmico e pesquisador, mas também por depoimentos afetivos, devido à forte ligação dos participantes com Ventura.

Foot Hardman e Lilia Schwarcz destacaram a atuação do professor na Semana Euclidiana, em São José do Rio Pardo, e citaram o livro "Estilo Tropical" (1991), de Ventura, e sua importância ao "apresentar a muitas pessoas uma bibliografia relevante de autores da virada do século 19 para o século 20".

O diretor José Celso Martinez Corrêa, que estava na plateia, declarou sua admiração por Ventura, ressaltando que ele aproximou "Os Sertões" das "Bacantes", peças montadas pelo grupo do encenador. "Roberto causou uma revolução no meu trabalho."

Mario Cesar Carvalho lembrou que Ventura teve papel fundamental ao apresentar ferramentas diferentes das habituais do mundo acadêmico para entender a relação entre Euclydes da Cunha e Antônio Conselheiro, personagem de "Os Sertões".

Além disso, Carvalho falou sobre "Retrato Interrompido da Vida de Euclides da Cunha" (2003), organização feita por ele e José Carlos Barreto de Santana sobre a biografia não concluída por Ventura. O debate ainda lembrou a atuação de Ventura no caderno "Mais!", da Folha, durante a década de 1990, e seu papel na criação do banco de dados do jornal. (LUCAS NOBILE)