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Galerias brigam por espaço em feiras disputadas

DE SÃO PAULO

Enquanto galerias se multiplicam, feiras como SP-Arte e ArtRio e as estrangeiras Frieze, de Londres, e Art Basel Miami Beach, nos EUA, se esforçam para acomodar um número crescente de casas ao mesmo tempo em que tentam manter a qualidade dos participantes.

Cada uma delas mantém um comitê de seleção, implantado nas últimas edições das feiras brasileiras e já atuante há anos no mercado internacional. São críticos e galeristas que se reúnem para dizer sim ou não à presença de uma galeria.

Luisa Strina, por exemplo, deixa neste ano seu posto no comitê da Art Basel Miami Beach, a feira de maior peso para o mercado de arte latino-americano.

Sua saída, depois de 12 anos no posto, já provoca especulações sobre uma queda no número de galerias brasileiras na feira.

"Quando galerias saem, dizem que é minha a culpa. Quando entram, ninguém fala nada", diz Strina. "Essa situação é horrível."

Galerista que não foi aceita para a edição da feira de Miami que começa em dezembro, Raquel Arnaud diz que "a Art Basel está com problemas". "Parece que nem leram os projetos."

Marcia Fortes, que está no conselho da Frieze, compara a posição a ter uma "cadeira nas Nações Unidas".

"É um trabalho político, eles me convidaram para ter um olhar mais aberto para o resto do mundo, eu virei a representante da periferia", afirma Fortes. "Quando eu entrei, havia só duas galerias brasileiras, e depois consegui botar Casa Triângulo, Vermelho e A Gentil Carioca na Frieze."

Ela chegou a ser convidada para ocupar o lugar de Luisa Strina na Art Basel Miami Beach, mas declinou por não poder representar as duas ao mesmo tempo.

Marcio Botner, da galeria A Gentil Carioca, é hoje o único brasileiro no time de Miami, mas se restringe à seleção de casas emergentes.

"Tem um certo exagero de achar que o comitê é o vilão", diz Botner. "Quem se coloca dentro da feira é a própria galeria. O que a faz entrar é seu programa, a atitude do galerista, o trabalho que realiza em sua cidade."

Também importa a relevância de uma galeria no plano global. Luciana Brito, que mantém uma casa com seu nome em São Paulo, foi convidada para o comitê da Arco, de Madri, quando a feira decidiu se reformular, cortando o número de espanhóis e focando a presença estrangeira de alto padrão.

"Não sinto pressão das galerias que querem entrar", conta Brito. "Mas sou abordada por quem quer saber os critérios de seleção."

Mesmo com amigos ou desafetos nos comitês, galeristas não acham simples prever a aceitação numa feira. "Tem intriga, mentira, mas ninguém tem tanto poder sozinho", diz Eduardo Leme, que já foi da Arco. (SM)

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