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Análise

Interlocução política deve fazer Cultura acontecer

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Ao contrário da tímida Ana de Hollanda, Marta Suplicy é uma mulher ousada, afirmativa, voluntariosa e com forte interlocução política.

Essa mudança de personalidade e de presença pública pode fazer toda a diferença na Cultura, tratada como mero "confeito de bolo".

Hollanda não se impôs junto aos exigentes e saltitantes grupos que pressionam a Cultura e, por extensão, à própria presidente Dilma Rousseff. Mas Marta Suplicy é daquelas que se impõem.

Mãe de dois músicos, Supla e João, e ex-sogra da atriz Maria Paula, Marta circula muito bem no meio cultural e nas elites patrocinadoras, sem falar no Congresso e no governo. Fará, certamente, uma mediação entre eles.

"Last but not least", tem apelo na periferia paulistana e deve anunciar programas de apelo popular. Um deles, aliás, vem de herança: Vale-Cultura, de R$50, para quem recebe até cinco salários mínimos. Ana não teve força para aprová-lo, Marta tem.

Como prefeita da maior capital do país, ela teve a petulância de se separar do admirado senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e se casar com o franco-argentino Luiz Favre. Como ministra do Turismo no governo Lula, mandou as vítimas do "caos aéreo" "relaxar e gozar".

Lula tem resistências à rica e voluntariosa Marta. Preterida na candidatura à Prefeitura de São Paulo neste ano, apesar de liderar as pesquisas entre os petistas, ela cobrou caro a adesão à campanha de Fernando Haddad.

Passou dez meses alimentando a ansiedade do PT para que entrasse em campo, especialmente nos bairros pobres, onde continua forte depois da gestão na prefeitura.

Só entrou na hora certa e cobrou seu preço. Celso Russomanno (PRB) disparava nas pesquisas, Haddad empacava. Ela mereceu dois encontros com Dilma e um almoço com Lula. E levou a Cultura de sobremesa.

A Cultura tem R$ 2,1 bilhões em 2012 e, segundo a nova lei orçamentária, enviada ao Congresso, terá R$ 2,83 bilhões em 2013. Isso é só o começo -ou o recomeço.

Para os grupos que pululam em torno da pasta e atormentam seus (suas) ministros(as), o conselho é: relaxem e gozem. As coisas vão começar a acontecer.

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