Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Teatro

Clássico de Strindberg ganha ar de cinema

Encenadora Christiane Jatahy, vencedora do Shell, atualiza clássico do autor sueco no centenário de sua morte

Diretora segue pesquisa que questiona as fronteiras entre teatro e a sétima arte, presente em suas últimas peças

GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Como ser espectador de teatro e de cinema ao mesmo tempo? A encenadora carioca Christiane Jatahy arrisca resolver esta equação em "Julia", peça que chega a São Paulo neste sábado com o Prêmio Shell de melhor direção na bagagem.

O espetáculo atualiza a forma e o conteúdo do clássico "Senhorita Julia", de August Strindberg (1849-1912), autor sueco cujo centenário de morte é celebrado este ano.
Na montagem de Jatahy, o romance impossível da trama sofre alterações.

Julia, herdeira de um conde de 23 anos, rejuvenesce seis anos e torna-se filha de um empresário rico da atualidade. O criado Jean se transforma em motorista negro.

"Não me interessou discutir o lugar da mulher na sociedade, como fez Strindberg, mas falar das relações sociais e da impossibilidade de se olhar para o outro. Quis apresentar o microcosmo do que está acontecendo lá fora, no macro", explica Jatahy.

"Julia" surge da justaposição de três camadas: teatro, cinema filmado ao vivo e o pré-gravado. Os dois últimos são projetados em painéis móveis. Ao serem combinados de diferentes formas, eles permitem que os olhares dos espectadores ganhem amplitude. "Conforme as situações ganham corpo, os painéis se esgarçam e revelam os bastidores ", diz Jatahy.

Em sua primeira incursão num texto clássico, a diretora se apoia na filmagem para sublinhar emoções escondidas em cena, através do close. O equipamento no palco também evoca o mundo vigiado da contemporaneidade.

"Julia" dá continuidade à pesquisa de Jatahy iniciada em 1994. A diretora dedicou uma trilogia teatral à discussão sobre os limites entre realidade e ficção, formada por "Conjugado", "A Falta que nos Move ou Todas as Histórias São Ficção" (ambas de 2005) e "Corte Seco" (2010).

Nesta última, ela já ampliava a questão para eliminar as fronteiras entre cinema e teatro, editando ao vivo a atuação dos atores.

A encenadora também fez o caminho inverso. Adaptou para o cinema "A Falta que nos Move" e agora planeja fazer um filme de "Julia". "Com esse diálogo, a pesquisa ganha continuidade quando acaba a peça", revela.

JULIA
QUANDO de qui. à sáb., às 21h30, dom., às 19h; de 15/9 a 14/10
ONDE Sesc Belenzinho (r. Padre Adelino, 1.000; tel. 0/xx/11/2076.9700
QUANTO de R$ 6 a R$ 24
CLASSIFICAÇÃO 18 anos

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.