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Ingleses montam projeto no Pelourinho

Parceria cultural entre Southbank Centre e grupos baianos promove intercâmbio e terá festival em Salvador em 2013

Ideia é ensinar jovens a organizar eventos, com noções de produção, marketing, gestão, orçamento e bilheteria

ADRIANA KÜCHLER
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

O que é que a Bahia tem? Tem música, tem. Tem dança, tem. Tem malemolência, tem. E tem quem diga que preguiça também tem.

Mas, se depender de uma parceria entre o Brasil e o Reino Unido, daqui a pouco a Bahia pode ter, dar e vender metodologia e rigor britânicos para produzir eventos culturais.

Quem vai "exportar" a tecnologia é o Southbank Centre, um dos principais centros culturais de Londres -expert em festivais, e com teatros, galeria e espaços para performances ao ar livre, à beira do rio Tâmisa.

Quem vai "importar" é o Pelourinho ou, mais especificamente, as ONGs e artistas independentes que se reúnem em volta dele.

A ideia é que os jovens artistas do local aprendam na prática a montar um grande evento, com noções de produção, marketing, gestão, orçamento e bilheteria.

Tudo isso vai culminar com o festival Southbank Centre @ Pelourinho, com talentos dos dois lugares e apresentações de música, dança, teatro, "jam sessions" e workshops, de 11 a 14 de maio do ano que vem.

Embaixador da parceria no Brasil, o músico baiano Ricardo Castro é diretor do Neojiba (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia), projeto que segue o método venezuelano "El Sistema" de inclusão da música no cotidiano dos jovens.

"É importante estabelecer na Bahia que uma reunião marcada para as 9h é às 9h. Na Bahia, 9h59 ainda é 9h", brinca Castro, que já levou suas orquestras para tocar em Londres e aprendeu todo esse rigor na Suíça, onde dá aulas na Haute École de Musique de Lausanne.

"A Bahia vive no século 19 e, com projetos como esse, vai pular direto para o 21."

O Southbank Centre @ Pelourinho é um dos carros-chefes do Transform, um grande programa do British Council, de parceria cultural entre o Brasil e o Reino Unido, lançado na semana passada em Londres e que será apresentado no Brasil no fim do mês, durante o Festival do Rio.

Em Londres para o lançamento do programa e para negociar detalhes do festival, Castro conta que dez jovens artistas da Bahia, de grupos como TV Pelourinho, Oi Kabum e Projeto Didá, estiveram no Reino Unido em julho para os primeiros cursos de capacitação.

Já em janeiro de 2013, é a vez de um grupo do Southbank ir à Bahia para fazer a preparação in loco.

"Sabemos que o Pelourinho é uma região com dificuldades financeiras, com jovens que querem fazer muito, mas não sabem como", diz a curadora do lado britânico, Jude Kelly, diretora artística do Southbank Centre.

"Não estou sugerindo que nada acontece lá, mas queremos ajudar as ONGs a trabalharem juntas. E quem sabe, daqui a pouco, os jovens das comunidades carentes daqui poderão aprender com os do Brasil."

Além de todas as técnicas "festivalescas", o Southbank quer ensinar outra de suas especialidades, que deve fazer sucesso na Bahia: o "mass participation" (ou participação em massa).

"Durante os festivais, ensinamos uma mesma música ou coreografia para grupos espalhados por diferentes partes da cidade. Depois, juntamos todos no centro para uma performance coletiva", conta Jessica Santer, "produtora de participação" do Southbank. "É como um 'flashmob' artístico."

A jornalista ADRIANA KÜCHLER viajou a convite do British Council

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