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Na corda bamba

Roteirista de 'Taxi Driver', Paul Schrader tenta manter a relevância mesmo que precise tirar a roupa de Lindsay Lohan para isso

Helena Lumme/Mika Manninen/Divulgação
O roteirista americano Paul Schrader
O roteirista americano Paul Schrader

RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO

Paul Schrader, em 1972, largou a mulher para ficar com a atriz e jornalista Beverly Walker. Mas o affair não durou. O candidato a roteirista e crítico de cinema levou um fora e se viu em Los Angeles, uma cidade que não conhecia direito, sem emprego, sem namorada e sem grana.

Schrader, então, entrou numa espiral de decadência sexual e alcoólica que culminou na sala de emergência de um hospital.

O jovem escritor ganhou mais do que uma úlcera.

Ali nasceu a ideia de "Taxi Driver", que sairia quatro anos depois, viraria um dos maiores clássicos do cinema e transformaria a dupla Schrader-Scorsese em ícone de uma geração de cineastas dos anos 1970 que ousou peitar os estúdios.

Schrader, 66, está no Brasil para acompanhar uma retrospectiva com seus principais longas no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo e para palestrar. Ciente da importância de seu passado, ele prefere falar do futuro.

"Quando comecei a carreira, existia uma crise de conteúdo no cinema americano, mas agora existe uma crise na forma. Isso é muito mais sério", avalia o cineasta.

"Como podemos fazer filmes para várias plataformas? Saber que o espectador vê o longa e usa o Twitter ao mesmo tempo é frustrante, mas já é algo normal."

Assim como nos anos 1970, quando usava dinheiro dos estúdios para criar obras subversivas, Schrader encontrou novas saídas para escapar do estrangulamento financeiro.

Para financiar seu novo longa, "The Canyons", usou o site de crowdfunding "Kickstarter", arrecadando US$ 120 mil (R$ 240 mil) e completando o orçamento de US$ 300 mil (R$ 600 mil). O projeto atraiu ninguém menos que Lindsay Lohan, a garota problema de Hollywood, que protagoniza cenas de nudez.

"Ela é muito talentosa", afirma Schrader, completando em seguida: "É uma atriz que exige uma alta manutenção e é viciada em crises. Se não há uma, ela inventa. Aquele pequeno anjo que ficou famoso não existe mais."

"Só tive drama parecido quando filmei 'Vivendo na Corda Bamba' com Richard Pryor. Ele era um sujeito muito infeliz e eu nunca sabia qual Pryor chegaria às filmagens: o bom ou o mau."

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