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Emmy premia séries de TV que tratam de política e de paranoia

Festa da televisão dos EUA esnoba consagrado 'Mad Men' e reverencia 'Homeland' e 'Game Change'

Em cerimônia tediosa, drama sobre pós-11 de Setembro e telefilme que ironiza republicanos são as maiores novidades

Mario Anzuoni/Reuters
Claire Danes e Damian Lewis seguram seus troféus de melhor atriz e ator por 'Homeland
Claire Danes e Damian Lewis seguram seus troféus de melhor atriz e ator por 'Homeland'

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

A maior surpresa da cerimônia do Emmy, anteontem à noite, foi a esnobada em "Mad Men", série que havia dominado nos últimos anos a categoria drama na principal premiação da TV dos EUA e estava indicada em sete categorias. "Mad Men" não ganhou um prêmio sequer.

Foi batida por "Homeland", uma série inventiva sobre a paranoia norte-americana pós-11 de Setembro. "Homeland" levou os prêmios de melhor série de drama, melhor atriz (Claire Danes), melhor roteiro e melhor ator (Damian Lewis).

O tom político da cerimônia também ficou evidente com os quatro prêmios ganhos por "Game Change - Virada no Jogo", telefilme da HBO sobre a campanha republicana à Presidência dos Estados Unidos, em 2008.

"Game Change" traz uma visão ácida e irônica sobre os republicanos, mostrando a escolha de Sarah Palin (interpretada magistralmente por Julianne Moore) como candidata a vice de John McCain (interpretado por Ed Harris).

Ao receber o prêmio de melhor atriz, Moore disse: "Sinto orgulho por Palin ter reprovado minha atuação".

Palin, ex-governadora do Alasca e célebre por gafes como confundir as duas Coreias e dizer que a África é um país, afirmou que o filme era baseado em uma "falsa narrativa" e que não iria assisti-lo.

Na categoria comédia, nenhuma surpresa. "Modern Family", que domina nos últimos anos, também levou quatro estatuetas: série cômica, ator e atriz coadjuvantes (Eric Stonestreet e Julie Bowen) e direção.

TÉDIO

Se a qualidade dos programas da TV americana for medida pela cerimônia do Emmy, a coisa está feia. Foi uma das festas mais tediosas dos últimos anos. O mínimo que se espera de uma cerimônia para premiar os melhores da TV é que seja uma atração televisiva de qualidade. Mas não foi o caso.

Diferentemente das festas do Oscar (cinema) e Grammy (música), que trazem shows e tentam animar a transmissão com humor, o Emmy se limita quase que exclusivamente a entregar prêmios. O resultado é um desfile monótono de vencedores fazendo discursos parecidos.

O Emmy foi apresentada por Jimmy Kimmel, um comediante e apresentador de "talk show" na TV norte-americana. Como sempre, muitas piadas são ininteligíveis para quem não vive nos Estados Unidos, e a cerimônia, como um todo, teve um amargo sabor de piada interna, com atores e diretores fazendo gracinhas que só eles entendem.

Um dos poucos momentos de emoção genuína foi a participação de Michael J. Fox, que entregou o prêmio de melhor série cômica para a equipe de "Modern Family".

O ator, que havia abandonado a TV em 2000 para se tratar do mal de Parkinson, está prestes a voltar às telas, numa série em que interpreta justamente um pai que tenta se recuperar da doença.

"Estou firme como uma rocha. Dizem que o riso é o melhor remédio", disse Fox, aplaudido de pé.

Um momento de emoção espontânea e fora do roteiro de um show que, até então, havia sido um tédio.

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