Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Chave de cadeia

Prisão é tema de novos livros de Drauzio Varella e do ex-detento Luiz Alberto Mendes

Isadora Brant/Folhapress
Luiz Alberto Mendes em sua casa, em Embu das Artes
Luiz Alberto Mendes em sua casa, em Embu das Artes

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

Vem da infância o fascínio de Drauzio Varella por cadeias e pelo mundo do crime.

Em "Carcereiros", espécie de continuação do best-seller "Estação Carandiru", que chega no próximo sábado às livrarias, o médico, escritor e colunista da Folha detalha esse encanto, nascido do cinema e dos programas do gênero no rádio e na TV.

Conta que, aos 12 anos, fugia à noite do sobrado em que morava com a família na Vila Mariana, em São Paulo, e ia de bonde à Boca do Lixo, o mais próximo que podia chegar do universo marginal.

Não espanta, portanto, que Drauzio tenha se integrado de forma tão visceral ao trabalho voluntário como médico na Casa de Detenção de São Paulo, o extinto Carandiru, onde atuou por 13 anos.

Se "Estação Carandiru" trazia uma visão panorâmica daquele ambiente a partir da relação do médico com os presos, em "Carcereiros" ele esmiúça o trabalho dos agentes penitenciários.

Misto de crônica -histórias saborosas e personagens mágicos são o ponto alto do livro-, memória e análise sociológica, o novo volume compõe uma trilogia sobre a experiência do autor no sistema carcerário paulista.

O livro final, do qual Drauzio começou a escrever os primeiros esboços, vai relatar histórias da Penitenciária Feminina da Capital, em São Paulo, onde há seis anos atende uma vez por semana.

CAMINHOS CRUZADOS

Ao contrário do ocorrido com Drauzio, a relação de Luiz Alberto Mendes com esse ambiente foi involuntária. Nascido numa família desestruturada, apanhava do pai, alcoólatra, e começou a fugir de casa aos 11 anos, mergulhando na delinquência.

Condenado a 132 anos de reclusão por variados delitos, entre os quais homicídio e latrocínio, Mendes ficou preso por 31 anos e dez meses, mais que o teto estipulado pela legislação brasileira (30 anos).

Sua experiência foi contada em "Memórias de um Sobrevivente", de 2001, livro escrito na prisão e que o tornou conhecido nacionalmente.

Livre desde 2004, Mendes lança agora seu primeiro volume de contos, "Cela Forte", em que prevalece a temática carcerária e criminal.

Os caminhos de Drauzio e Mendes se cruzaram no Carandiru. O conto que batiza o novo livro ganhou, em 1999, um concurso entre detentos da penitenciária, no qual o médico foi jurado, ao lado de Arnaldo Antunes, Fernando Bonassi e Mano Brown.

E foi Drauzio quem, alertado por Bonassi, apresentou Mendes à Companhia das Letras, casa que editou "Memórias de um Sobrevivente".

Entre elogios mútuos, eles fizeram, a pedido da reportagem, perguntas um ao outro.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.