Festival do Rio 2012

Anderson filma fim da inocência dos EUA

Você sabe que está diante de um filme de Wes Anderson em poucos segundos.

Até mesmo quando o cineasta foi contratado por uma operadora de ca rtões de crédito para fazer um comercial, sua marca estava ali: planos construídos com detalhes primorosos, geralmente filmados horizontalmente.

É seguro dizer que Anderson é o diretor com mais personalidade do cinema americano. E os Estados Unidos começam a entender isso.

Seu novo filme, "Moonrise Kingdom", estreia no Brasil em 12 de outubro e tem première hoje no Festival do Rio.

O longa bateu recordes de média de público de um filme "live-action" (com atores) quando começou a carreira nos EUA e já rendeu US$ 60 milhões (R$ 122 milhões) -e seu custo foi de US$ 16 milhões (R$ 32 milhões).

"A maior dificuldade foi nos adaptar ao orçamento, que tornou-se mais caro do que podíamos pagar", contou o cineasta à Folha no Festival de Cannes, em maio.

O longa acompanha um escoteiro (Jared Gilman) e uma menina-prodígio (Kara Hayward) na descoberta do primeiro amor numa minúscula ilha do Estado da Nova Inglaterra, nos EUA de 1965.

"É o fim de um período de inocência dos EUA", explica Anderson. "Eles têm 12 anos, quando tiverem 18 será tudo diferente em suas vidas."

"Moonrise Kingdom", assim como todo os longas do cineasta, é carregado de canções antigas (a menina é fã da francesa Françoise Hardy), antiguidades coloridas, roupas bem cuidadas.

É de se esperar que o diretor carregue isso para a sua vida. Mas, apesar das roupas datadas, não é bem assim. "Não tenho nenhum vinil. Meu apartamento em Nova York é basicamente em cinza. Não há nada colorido."

"Moonrise Kingdom" é o primeiro filme de Anderson sobre adolescentes desde "Três É Demais" (1998), que revelou Jason Schwartzman. O novo longa só destoa por não contar com o parceiro Owen Wilson no elenco e pela presença de Bruce Willis no papel de um policial que não tem o que fazer na ilha.

"Owen estava cotado para o papel do escoteiro-chefe, mas eu queria trabalhar com Edward Norton há anos", diz.

"Já Bruce foi o oposto do que Kevin Smith fala [o diretor brigou com Willis em 'Tiras em Apuros", de 2010]. Foi muito gentil e estava pronto para qualquer cena."