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Sensação do cinema indie americano é exibido no Rio

"Indomável Sonhadora" ganhou prêmio em Cannes e está cotado ao Oscar

Primeiro longa de Benh Zeitlin foi produzido com atores amadores e um orçamento modesto de US$ 1,8 milhão

DE SÃO PAULO

O filme americano mais premiado do ano tem orçamento menor do que muitos filmes brasileiros, um elenco amador e um diretor estreante em longas.

"Indomável Sonhadora", que está sendo exibido no Festival do Ri o e ainda não tem data de estreia no Brasil, começou a carreira em janeiro, ganhando o prêmio do júri do Festival de Sundance.

Após a exibição do longa, vários estúdios começaram um leilão para adquirir os direitos de distribuição nos EUA.

Apesar do assédio da Weinstein Company, fortes no lobby do Oscar, o contrato foi fechado com a Fox Searchlight, que pagou US$ 2 milhões (R$ 4 milhões) pelo filme, orçado em US$ 1,8 milhão (R$ 3,6 milhões).

Quatro meses depois, "Indomável Sonhadora" ganhou o prestigiado prêmio Câmera de Ouro, no Festival de Cannes, e se tornou a sensação independente americana.

"Ficamos totalmente chocados com o sucesso do filme, porque fizemos sem grandes nomes, sem dinheiro, sem gênero específico, e rodado em uma região isolada dos Estados Unidos", conta o diretor e roteirista Benh Zeitlin, de apenas 30 anos.

O longa foi inteiramente rodado no sul do Estado da Louisiana, em áreas ribeirinhas que estão desaparecendo por causa da constante elevação do nível das águas do Golfo do México e do Mississipi, além de sofrer com a passagem de furacões.

"Eu queria contar a história sobre essa comunidade fictícia chamada de 'A Banheira', que resiste e sustenta seu modo de vida em meio a desastres naturais", explica o diretor.

Conhecida pelo misticismo, a região forneceu ingredientes para "Indomável Sonhadora" ganhar um clima de realismo fantástico pouco visto no cinema americano.

Dentro da "Banheira", que, por si só já é uma atração surreal do longa, há uma garotinha de seis anos chamada Hushpuppy (Quvenzhané Wallis), que prevê a chegada de um antigo monstro com o desaparecimento do pai (Dwight Henry) e uma mudança climática.

Para melhor explicitar essa cultura de resistência sulista, Zeitlin apostou em atores amadores.

"Não queria ninguém em trailers e comendo donuts", brinca ele.

A pequena Wallis, que tinha cinco anos quando foi escolhida para o papel e seis ao interpretá-lo, foi encontrada após nove meses de testes.

Filha de um caminhoneiro e de uma professora, a garotinha é a alma do filme e surpreende pelo nível de atuação.

Já Henry era o dono da padaria em frente ao escritório da produtora.

"Ele servia café para a equipe todos os dias. Pedimos para ele ler o roteiro e encontramos o pai naquele momento", lembra o cineasta.

A ousadia da produção está rendendo elogios à dupla de atores amadores, cotadíssima para o Oscar 2013. Mas gerou um problema.

O Sindicato dos Atores anunciou, nesta semana, que o elenco não poderá concorrer ao SAG Awards, um dos termômetros do Oscar, pois ninguém era sindicalizado.

"Eu nem posso dizer que estou decepcionado, porque não tenho ideia de como esses prêmios funcionam. Mas tenho certeza que o talento deles será reconhecido", crê Benh Zeitlin.

"Tento não pensar em Oscar. Mas seria ótimo para o filme e para a indústria", admite o diretor debutante.

(RODRIGO SALEM)

INDOMÁVEL SONHADORA

QUANDO hoje, às 13h e às 19h40
ONDE Estação Vivo Gávea 5 (R. Marquês de São Vicente, 52, Gávea. Fone 0/xx/21 3875-3011)
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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