Crítica Animação

Misto de escatologia e sentimentalismo, longa deve agradar menos os adultos

Na atual era de ouro da animação digital, parte considerável das produções tem o mérito de entreter pais e filhos com igual intensidade. O equilíbrio não se repete em "Hotel Transilvânia", filme com potencial para agradar mais as crianças que os adultos.

Uma explicação está na presença de Adam Sandler, que dá voz ao protagonista e também assina a animação como produtor-executivo.

O humor de "Hotel Transilvânia" não está assim tão distante do de outros filmes com o comediante. É uma fórmula que mistura escatologia e sentimentalismo, piadas de peido e declarações de amor, em ritmo acelerado que beira a histeria. Os filmes com Sandler, para adultos ou crianças, serão sempre juvenis.

Há ainda o problema do "déjà-vu", já que o filme se baseia numa ideia bastante explorada: a de que os monstros devem temer os humanos, e não o contrário -conceito que norteava desde a série de TV "A Família Addams" nos anos 1960 até o filme "Monstros S/A" (2001).

Aqui, Drácula (Sandler) é dono de um hotel que promete manter os humanos à distância. Na festa de aniversário de sua filha Mavis (Selena Gomez), ele recebe alguns dos mais famosos monstros do mundo, como Frankenstein, a Múmia e outros.

Só que um adolescente humano (Andy Samberg) entra no hotel e desperta a paixão de Mavis -para desespero de Drácula, que fantasia o garoto de monstro para não assustar os hóspedes e tenta afastá-lo da filha.

É uma boa piada, repetida muitas vezes -o que pode garantir o interesse das crianças, mas não sustentar o dos adultos. Estes, ao menos, poderão se identificar com a história do pai superprotetor, obcecado com a possibilidade de perder a filha -tema que o filme desenvolve com carinho e que nem o humor de Sandler consegue atrapalhar.