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Instalação em São Paulo discute realidade e ficção 'The Fourth Wall' resgata caso de pessoas que nunca tiveram contato com civilização FABIO CYPRIANOCRÍTICO DA FOLHA A quarta parede significa uma parede imaginária, na frente do palco do teatro, para que os atores representem ignorando a presença do público. É o princípio da ilusão, da arte produzida como algo que nada tenha a ver com os espectadores. Bertolt Brecht (1898-1956) defendeu a quebra da quarta parede. "The Fourth Wall" (A quarta parede), instalação do alemão Clemens von Wedemeyer, em cartaz no Paço das Artes, em São Paulo, tematiza essa questão a partir de um fato antropológico controverso. Em 1971, nas Filipinas, um grupo de 26 pessoas, que nunca teriam tido contato com a civilização, foi encontrado. Os Tasaday vestiam-se como homens das cavernas. Em 1972, ganharam uma reserva para sua preservação. Contudo, 15 anos depois, um fotógrafo em busca dos Tasaday localizou o grupo com atitudes ocidentalizadas, despertando a suspeita que se tratava de impostores, talvez atores. Até hoje, a polêmica não foi resolvida. Em sua sofisticada instalação, com cinco projeções distintas, Wedemeyer aborda os Tasaday, buscando tematizar os limites entre a ficção e o real. Discute questões como neocolonialismo a partir de filmes sobre canibalismo, imagens da região ou de outras florestas e situações encenadas. "Eu sempre quis fazer ficção, mas também me interessa mostrar como ela é criada, revelando os diversos pontos de vista envolvidos, o que é a origem da reflexão sobre a quarta parede", disse Wedemeyer à Folha. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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