Em 'O Circo', Chaplin relembra as origens do humor burlesco

Carlitos sempre está onde não deve, é culpado por crimes que não cometeu e se vê entregue a amores impossíveis. Em "O Circo", longa filmado por Charles Chaplin em 1928, a proximidade entre o humor circense e o burlesco revela as origens do artista.

O filme é o sétimo volume da Coleção Folha Charles Chaplin e chega às bancas no próximo domingo.

Na trama, o vagabundo é perseguido por um policial, se esconde em um circo e vai parar no picadeiro. Seus esforços hilariantes para fugir da polícia tornam-se acidentalmente uma sensação.

O dono do circo decide contratá-lo, mas percebe mais tarde que o atrapalhado Carlitos não consegue ser engraçado de propósito.

Enquanto isso, o vagabundo apaixona-se pela acrobata filha do dono do circo e tudo parece bem, até a chegada de um novo artista por quem a moça se apaixona.

"O Circo", apesar do sucesso, é o único filme da fase madura de Chaplin que ele não cita em sua autobiografia.

Não que houvesse problemas com a trama. A negação da própria obra dizia respeito às duras circunstâncias em que as filmagens se deram.

O longa coincide com seu divórcio da atriz Lita Grey, um dos mais comentados da década de 1920 em Hollywood.

Durante o processo, os advogados da atriz ameaçaram arruinar a carreira de Chaplin.

Ele foi obrigado a esconder os rolos de filme que já havia gravado, uma tentativa de proteger a gravação do processo de divisão de bens.

Ao mesmo tempo, as filmagens foram repletas de contratempos. De um vendaval a um incêndio que destruíram equipamentos e o estúdio.

Talvez por isso, "O Circo" seja tanto uma referência estética quanto do comprometimento artístico de Chaplin.