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Campanha nos EUA ganha tons de novela "Virada do Jogo", de Mark Halperin e John Heilemann, narra disputa que levou Barack Obama à Presidência Analista político deixou escapar em programa de TV que o presidente era um "cuzão", mas o define como "ousado" LUCIANA COELHODE WASHINGTON Às vezes, é como novela, daquelas escritas a muitas mãos. Tem drama, suspense, traição, vilões e heróis arquetípicos, doses cavalares de intriga e [insira aqui seu clichê favorito para descrever as tramas no ar por meses na TV]. Mas é só política. Embora o debate às vezes acabe em segundo plano e as campanhas sigam um roteiro para a cobertura midiática norteado pelo humor do público. Mark Halperin, da revista "Time", e John Heilemann, da "New York", captaram bem esse aspecto das eleições americanas e oferecem em "Virada do Jogo" uma narrativa da campanha presidencial de 2008 sob uma ótica relegada a seu pano de fundo. "As personalidades dos candidatos e seus maridos/mulheres eram interessantes demais. Havia drama, reviravoltas e momentos engraçados que interessam ao público sobretudo quando mostramos os bastidores e o drama humano de concorrer à Presidência ou ser casado com alguém na disputa do cargo", disse Halperin à Folha. De fato, é difícil lembrar de outra contenda que tenha reunido elenco tão fascinante, em termos de personalidade, quanto a que culminou na eleição de Barack Obama. Halperin diz não ter personagem preferido -e a proeza dos autores é dedicar atenção semelhante a todos. O interesse quase obsessivo por Elizabeth Edwards, porém, faz da mulher do democrata John Edwards uma das figuras mais atraentes do livro -bem diferente da traída-e-compreensiva-com-câncer vista na campanha. (Ela morreu em dezembro.) Já a versão transposta às telas pela HBO, que estreia em 2012, foca em Sarah Palin. A destrambelhada ex-governadora do Alasca escolhida por John McCain como sua candidata a vice será vivida por Julianne Moore. Eles decidiram começar o livro na reta final da campanha, quando McCain já havia sido escolhido candidato. "No jornalismo diário, semanal ou mesmo mensal, é difícil ter tempo para fazer entrevistas extensas, juntar os pontos, ir atrás de histórias de bastidores como o livro nos permite", diz Halperin. Lançaram mão de um número exaustivo de fontes -inclusive os candidatos- para reconstruir cenas que nunca vieram a público e um número impressionante de diálogos que, Halperin insiste, vêm todos de gravações, anotações ou "memórias precisas e confiáveis" de fontes de longa data. "Quando a pessoa não tinha muita certeza, parafraseávamos." Parte do que está no livro, porém, repete rumores. Outra dose provocou saias justas, como a revelação de que senadores democratas como Harry Reid persuadiram Obama a concorrer para evitar uma presidente Hillary Clinton (vem do livro a história de que Reid disse que Obama era palatável por ter "pele clara" e evitar "dialeto"). Para a campanha do próximo ano, a dupla prepara outro livro -com interesse claro no presidente. Halperin é só elogios a Obama, que descreve como "ousado" e cumpridor da "maioria das promessas de campanha". "Embora tenha problemas em fazer uma coisa vital, que é unificar o país." Neste ano, deixou escapar na TV que o presidente era um "cuzão". "Achei que não ia para o ar. Se soubesse, nunca teria dito. Não é a coisa certa a dizer, é desrespeitoso e não reflete o que sinto sobre ele e a Presidência." VIRADA DO JOGO AUTORES Mark Halperin e John Heilemann EDITORA Intrínseca TRADUÇÃO Clóvis Marques QUANTO R$ 39,90 (464 págs.) Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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