Espírito de Will Eisner desembarca hoje em São Paulo

O charmoso detetive Spirit está em São Paulo, à vista do público a partir de hoje. Ele tem 38 centímetros de altura e foi fundido em bronze, a partir de um molde em cera do artista Peter Poplaski.

A estátua do mais importante personagem do quadrinista americano Will Eisner (1917-2005) vigia de cima de seu pedestal a mostra "O Espírito Vivo de Will Eisner", inaugurada hoje no CCSP (Centro Cultural São Paulo).

A mostra (que encerra as comemorações de 20 anos da Gibiteca Henfil) traz 106 desenhos originais traçados pelo artista e é de todo atípica.

As gravuras nela reunidas dificilmente são expostas em conjunto. Mas a estátua tem história ainda mais impressionante. Projeto dos anos 90, ela saiu do estágio do molde por intervenção da curadora Marisa Furtado.

A escultura -segundo a organização, a única autorizada por Eisner- debutou no Rio, durante feira internacional de HQs em outubro, e agora estreia em São Paulo.

Os mimos da mostra "O Espírito Vivo" são fruto do esforço e do histórico de Marisa Furtado, que, nas últimas décadas, teve relação próxima com o artista, sua família e seus editores oficiais.

"Fico imaginando que o Will, onde estiver, está dando pulos de regozijo", afirma Furtado à Folha. Ela diz ter sido, de certa maneira, "adotada" pelo artista. "Fomos muito amigos", conta.

A amizade começou no início da década de 90, quando ela o recebeu e ciceroneou durante passagem pelo Brasil, por ocasião de uma feira internacional de quadrinhos. A série de documentários "Will Eisner - Profissão Cartunista", dirigidos por ela, é fruto desse contato.

Assim como é resultado da amizade com o artista o fato de ela ter se tornado uma espécie de responsável pelo legado dele na América Latina.

"O Brasil é um país importante para a família de Eisner. Não só afetivamente. É um mercado muito forte", diz.

Aqui foram publicados diversos dos clássicos do artista, incluindo "Ao Coração da Tempestade", "Fagin o Judeu" e "Nova York" -além dos famosos gibis de "Spirit".

Will Eisner é considerado o pai da "graphic novel", visto como gênero "mais nobre" das histórias em quadrinhos.Ele dá nome aos Eisner Awards, Oscar dos gibis.

"Li de novo um monte de histórias do 'Spirit'", conta Furtado. "Você vê o gênio dele nos enquadramentos, na técnica, na narrativa", diz.