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Casa de Bishop em MG não tem compradores Propriedade em Ouro Preto foi colocada à venda no início do ano por R$ 3,8 milhões RAQUEL COZERENVIADA ESPECIAL A OURO PRETO (MG) A casa em que a poeta americana Elizabeth Bishop (1911-1979) viveu em Ouro Preto, nos anos 1960 e 1970, não atraiu nenhum interessado desde que foi colocada à venda, no início do ano, por R$ 3,8 milhões, disse à Folha José Alberto Nemer, irmão da atual proprietária. Em debate na sexta sobre a poeta, no Fórum das Letras de Ouro Preto, que termina hoje, o artista plástico disse ter considerado um "fiasco absoluto" o trabalho do escritório paulistano da Sotheby's. Nemer criticou o trabalho da casa de leilões, responsável pela negociação. "Trabalharam mal do início ao fim." Procurado pela Folha, o escritório informou que vender um patrimônio histórico "demora" e que conversas iniciadas não evoluíram. "Não é simples como vender um apartamento de R$ 2 milhões, que você vende toda semana", disse a diretora administrativa Cibele de Lucca. A casa, com mais de 500 m2 de área construída e 7.000 m2 de propriedade, foi comprada em 1982 por Linda Nemer e vem sendo mantida e usada em finais de semana pela família. É uma das mais antigas de Ouro Preto, do início do século 18, e está mobiliada como Bishop a deixou -há inclusive utensílios de cozinha da época, como balança e cadernos de receitas. Com o centenário da poeta, Linda e José Alberto, que foram amigos de Bishop, disseram acreditar que era o momento para fazer do lugar um centro cultural. Antes de recorrerem à Sotheby's, procuraram pessoas ligadas à memória de Bishop, mas receberam só "cartas encorajadoras". A preocupação é não vender a casa a "comerciantes enriquecidos" da região. "Enquanto não encontramos quem queira mantê-la como está, preferimos continuar usufruindo dela." No domingo, em outro debate no Fórum das Letras, o tradutor Berthold Zilly comparou o destino da casa com o daquela em que viveu a mãe do escritor alemão Thomas Mann (1875-1955), Julia, em Paraty -embora a casa de Bishop esteja bem conservada, ao contrário da outra. "Deveriam ser criados centros culturais para preservar essa memória." Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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