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Escritora baseia thrillers na própria vida

Títulos de Stella Rimington, ex-diretora do serviço secreto britânico, são submetidos à aprovação do governo

Autora do recém- lançado 'Ação Ilegal' presidiu júri do Booker Prize e fala de polêmica em torno da premiação

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

Stella Rimington foi a primeira mulher a dirigir o MI5, o serviço secreto britânico, de 1992 a 1996.

Gaba-se de ter modernizado o órgão, até então "fechado e dominado por homens", nas palavras dela.

"As mulheres só faziam trabalho de apoio. Hoje participam de todas as etapas da inteligência. No meu período, o serviço começou a se se abrir mais e mostrar à mídia e ao público o que fazíamos", diz, em entrevista à Folha.

Rimington tanto quis dar publicidade às atividades secretas que seu passo seguinte foi escrever livros.

Ao se aposentar, primeiro publicou suas memórias, para em seguida criar a personagem Liz Carlyle, protagonista de seus cinco romances.

O terceiro, "Ação Ilegal", sai no Brasil pela Record, que já publicara "Em Risco" e "Patrimônio Secreto".

E Liz Carlyle, é claro, é muito Stella Rimington.

"O relacionamento difícil com alguns colegas homens, a dificuldade para balancear vida pessoal e um trabalho que exige segredo e 100% de comprometimento -as coisas que ela encara vêm de minha experiência", admite.

"Um dos motivos de as pessoas acharem Liz Carlyle tão real, tão diferente das personagens de James Bond, é que, sempre que ela está agindo, me pergunto o que eu faria naquela circunstância."

Tal realismo, entretanto, tem limites.

Tanto suas memórias quanto seus thrillers são submetidos, antes de publicados, à apreciação do governo britânico, espécie de embargo.

"A lei determina que funcionários públicos aposentados na Grã-Bretanha que pretendem publicar algo relacionado ao seu trabalho devem enviar a publicação para liberação", explica.

No caso de sua autobiografia, diz, "solicitaram pequenas mudanças, que fiz e que não alteraram significativamente o que eu queria dizer".

Rimington revela que submete também todos os seus romances ao crivo governamental, mas que "só muito ocasionalmente são solicitadas mudanças". Ela não quis dar exemplos dos ajustes.

"Ação Ilegal" trata de espionagem russa em Londres.

Liz Carlyle investiga um oligarca russo que é alvo de um infiltrado a serviço de Moscou -''como o grupo de russos descoberto há pouco tempo nos EUA se passando por americanos", exemplifica.

Quanto aos oligarcas russos que enriqueceram com a privatização das estatais naquele país e existem às pencas em Londres, Rimington observa que parte deles se sente ameaçada pelos serviços secretos russos.

"O livro é uma versão ficcional de várias tendências atuais no mundo da espionagem", define a ex-agente.

Stella Rimington, dama da coroa britânica, esteve no centro de uma polêmica envolvendo o Man Booker, principal prêmio literário britânico.

Escolhida como presidente do júri de 2011, foi alvo de críticos para quem o Booker torna-se cada vez mais uma premiação comercial, em detrimento da qualidade literária.

Ela atribui os ataques a preconceito. "Quatro dos cinco juízes eram autores de thrillers, nenhum escreve o que se costuma ser descrito como romances literários."

"Escolhemos alguns livros de romancistas estreantes em vez de outros bem resenhados. Ao final, o ganhador, Julian Barnes, é um romancista literário e vendedor popular."

AÇÃO ILEGAL

AUTORA Stella Rimington

EDITORA Record

TRADUÇÃO Marcelo Mendes

QUANTO R$ 44,90 (336 págs.)

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