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Diário de Londres

O mapa da cultura

Overdose de imagem real

Elizabeth 2ª reina nos museus londrinos

RODRIGO RUSSO

Se depender do número de iniciativas para celebrar seu jubileu de diamante -60 anos de reinado-, a rainha Elizabeth 2ª, 85, ainda terá um longo período como líder britânica. Do fim de 2011 para cá, cinco biografias chegaram às lojas. Como ela é praticamente uma unanimidade, os títulos são laudatórios: vão de "Nossa Rainha", escrito por Robert Hardman, a "A Rainha de Diamante: Elizabeth 2ª e Seu Povo", de Andrew Marr.

Marr também é o responsável pela série documental "A Rainha de Diamante", exibida pela BBC 1 em três segundas-feiras de fevereiro.

Na primeira parte, o premiê David Cameron e alguns de seus antecessores, como Tony Blair, descrevem os encontros semanais que mantiveram com a soberana, formais, mas amistosos -como quase tudo na vida britânica. Blair disse que as reuniões eram um dos poucos momentos em que podia expressar com tranquilidade suas dúvidas sobre o caminho da nação.

A celebração pela longevidade do reinado também está nos museus. O Victoria & Albert exibe cem fotografias feitas por Cecil Beaton, de 1939 a 1968. Os retratos eram parte da estratégia real de relações públicas. Entre as imagens da mostra está a clássica foto de Elizabeth, com traje de gala, cetro e coroa, no dia de sua coroação, em 1953.

No castelo de Windsor, propriedade real, 60 fotos ilustram as seis décadas reais de Elizabeth 2ª com imagens feitas também por fotojornalistas, evitando as fotos com ar oficialesco. Em junho, mais uma dose monárquica será oferecida à população, com shows de Sir Elton John e Sir Paul McCartney.

MECA NO MUSEU

A peregrinação a Meca é uma das cinco obrigações que os muçulmanos devem cumprir na vida, assim como uma visita ao British Museum, para quem aprecia arte, é praticamente obrigatória para quem passa por Londres.

Até 15 de abril o museu abriga a primeira exposição dedicada à peregrinação: "Hajj, Jornada ao Coração do Islã". A viagem a Meca, cujo ponto alto é a reverência à Caaba, o lugar mais sagrado da religião, é vetada a não muçulmanos. Por isso, nem a curadora principal da exposição nem o diretor do museu puderam fazer o percurso.

A exposição conta com ilustrações, fotos, mapas e objetos, como diários de quem passou pela experiência e antigos manuscritos, como um Alcorão do século 8º.

OBRA DE ARTE TOTAL

A Saatchi Gallery recebe uma exposição de nome quase impronunciável, "Gesamtkunstwerk". Por sorte, o subtítulo explica ao visitante do que se trata: são os trabalhos da nova arte alemã, provando que o país sabe exportar mais do que medidas de austeridade a países em crise.

O termo "Gesamtkunstwerk" está associado ao modo como o compositor Richard Wagner desejava que sua ópera englobasse todas as formas de arte. Na exposição, significa que diversos modos de expressão artística estão presentes, e muitas vezes em uma mesma obra. Há de grafites a esculturas, e ainda instalações e telas.

Um dos trabalhos vai desafiar o visitante brasileiro. Julian Rosefeldt, o autor, se declara um fascinado pela realidade, pelos estereótipos, pelos clichês e pelas repetições mecânicas que permeiam a cultura popular. "Novela Global", um título bastante adequado ao Brasil, é uma colagem de instantes em que artistas de novelas do mundo todo mostram seu melodramático e repetitivo repertório de gestos e expressões faciais.

O visitante brasileiro certamente reconhecerá atores nacionais na exposição e pode testar seus conhecimentos em tinyurl.com/7nt486f.

PÉROLAS DE LIVRARIA

Jen Campbell, 25, é escritora e trabalha em uma pequena livraria londrina. Começou a trabalhar na área quando estudava literatura inglesa para o mestrado, em Edinburgo, e criou um blog, o This Is Not the Six Word Novel (jen-campbell.blogspot.com).

Ali, além de poesias e contos, postava pérolas ditas por clientes. Foram as frases que chamaram a atenção de um editor, e em abril será lançado o primeiro livro de Campbell, "Coisas Estranhas que Clientes Falam em Livrarias".

Para Campbell, uma das piores perguntas que já lhe fizeram foi se havia uma continuação para "O Diário de Anne Frank". Em outra ocasião, um cliente pediu ajuda dando as seguintes dicas: "Eu li um livro nos anos 80. Não me lembro do autor nem do título. Mas era verde e me fez rir. Você sabe de que obra estou falando?". Não é fácil trabalhar em livrarias.

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