São Paulo, domingo, 15 de maio de 2011

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O naufrágio do Bahia no Acervo Folha

REPORTAGENS E NOTAS sobre o naufrágio do cruzador Bahia, em 4 de julho de 1945, nas imediações do arquipélago de São Pedro e São Paulo, podem ser consultadas gratuitamente no Acervo Folha (acervo.folha.com.br), que reúne cerca de 1,8 milhão de páginas publicadas pela Folha e pelos jornais "Folha da Manhã" e "Folha da Noite".
A primeira menção ao episódio saiu na edição de 10 de julho de 1945 da "Folha da Manhã". Segundo despacho da Agência Nacional, baseado em informações do Ministério da Marinha, o navio foi a pique "em consequência de uma explosão, cujas causas ainda não foram esclarecidas". Segundo apurações preliminares, o Bahia "teria colidido com uma mina derivante".
Na mesma data, a "Folha da Noite" reproduz telegrama do então presidente da República, Getúlio Vargas, ao ministro da Marinha, almirante Aristides Guilhem: "A inesperada e lamentável ocorrência do afundamento do cruzador 'Bahia', onde foram colhidos de surpresa e vitimados tantos bravos marinheiros que prestaram serviços relevantes durante a guerra, não só em luta [sic] a nossa gloriosa Marinha como também o coração de todos os brasileiros".
Em sua réplica, Carlos De Nápoli afirma que Vargas teria escrito "assassinados" e não "vitimados", conforme a transcrição do jornal.

CONJECTURA Em 11 de julho, a "Folha da Manhã" destacava na Primeira Página a chegada de um submarino alemão à base de Mar del Plata, na Argentina, na manhã do dia anterior (a notícia já havia sido mencionada na "Folha da Noite" de 10/7). A nota informava a rendição do comandante Otto Wermoutt e da tripulação de 54 homens. Na pág. 3, surgia nova hipótese para o naufrágio: uma explosão no paiol da embarcação. O chefe do Departamento de Documentação da Marinha, entretanto, frisava que a conjectura era "pouco provável", pois, em casos semelhantes, não havia sobreviventes -foram 36 no caso do Bahia.
No dia seguinte, a "Folha da Manhã" publicou negativa da Marinha sobre uma possível responsabilidade do submarino capitaneado por Wermoutt na destruição do cruzador brasileiro.
Virando a página, porém, o leitor depara com a seguinte fala do vice-almirante Jorge Dodsworth Martins: "O submarino alemão que chegou a um porto argentino para se render [...] podia ter passado no local do desastre na manhã do dia 4 e, por crueldade muito admissível nos processos da guerra dos nazistas, lançado torpedos ou minas. Essa hipótese pode ser examinada numa carta marítima, considerando as datas do desastre e da chegada daquela unidade à República Argentina".

INQUÉRITO As suspeitas sobre o envolvimento de um submarino na tragédia voltariam ao noticiário nos dias subsequentes. Chegou-se até a cogitar a participação de uma embarcação japonesa. Por fim, em 30 de outubro de 1945, a "Folha da Manhã" trazia o resultado do inquérito policial-militar sobre as causas do afundamento.
"Conclui-se que aquele cruzador fora sinistrado por uma rajada de metralhadoras [canhões automáticos] do próprio cruzador Bahia, que, durante um exercício de rotina, atingira acidentalmente um grupo de bombas de profundidade localizados na popa no navio", dizia o despacho da sucursal do jornal no Rio.



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