São Paulo, domingo, 20 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

DIÁRIO DE LOS ANGELES

O MAPA DA CULTURA

Cinema de arte

Salas escuras, cubos brancos e os primórdios da cidade dos sonhos

FERNANDA EZABELLA

Um acervo gigante de trabalhos e objetos pessoais do pioneiro fotógrafo americano Robert Mapplethorpe (1946-1989) ganhará casa nova em breve, num instituto de pesquisa em Los Angeles.
Avaliada em mais de US$ 30 milhões, a coleção traz 2.000 fotografias, 200 obras, como desenhos e colagens, 120 mil negativos, 3.500 polaroids e cartas que trocou com amigos e parceiros, como a roqueira Patti Smith.
A maioria do acervo foi doada pela Fundação Robert Mapplethorpe. O restante foi adquirido em conjunto por dois museus da cidade, o Getty e o Lacma (Los Angeles County Museum of Art), que prometeram exposições no próximo semestre. O material ficará no Getty Research Institute.
"Isso transformará Los Angeles num dos mais importantes centros de fotografia do mundo", disse David Geffen, produtor musical que doou fundos para o Lacma participar do projeto.
O Getty também possui o acervo de Sam Wagstaff (1921-1987), colecionador americano considerado mentor e parceiro de longa data de Mapplethorpe.

POR TRÁS DO LETREIRO
É difícil imaginar, mas nos primórdios da indústria cinematográfica, a região de Hollywood era uma vila modorrenta, repleta de cristãos utópicos e gente careta.
As histórias sobre a fundação desse bairro, hoje um ícone do cinema apesar dos grandes estúdios não estarem mais ali, são contadas em "The Hollywood Sign" (O Letreiro de Hollywood).
O livro faz parte da série da Yale University Press dedicada a explicar ícones americanos -outras publicações tratavam de Wall Street e Eisenhower.
"Ao contrário de muitos outros símbolos festejados, o letreiro não pode ser visitado, apenas visto de longe", escreve Leo Braudy, crítico cultural e professor da University of Southern California (USC), traçando paralelos com a cultura de celebridades da cidade.
O livro conta como o bairro foi evoluindo de região deserta para meca do cinema, pontuado pelo antes e o depois da instalação do letreiro, em 1923, como anúncio publicitário das terras da região. Em 1910, por exemplo, quando não havia nem mesmo vias decentes de transporte, Griffith rodou o que é hoje considerado o primeiro filme feito em Hollywood, "In Old California".

CINEASTAS NO CUBO BRANCO
Sete pinturas feitas por Gus Van Sant, diretor de "Paranoid Park" (2007), estão sendo exibidas na prestigiada galeria Gagosian, em Beverly Hills.
São retratos em grande escala de jovens que ele achou na internet e que lembram os personagens de seu filme "Garotos de Programa" (1991), cujos trechos descartados foram usados para um novo longa de cem minutos que também está na exposição.
O diretor do novo trabalho é o ator James Franco, que diz ter ficado "maravilhado com a atuação desinibida" de River Phoenix, colega morto em 1993, aos 23 anos. Além de Phoenix, Keanu Reeves está no elenco do drama sobre garotos marginais em Portland.
Outro cineasta que trocou a sala escura pelo cubo branco é David Lynch, de "Cidade dos Sonhos" (2001), numa mostra aberta ontem (19/3), na William Griffin Gallery, em Santa Mônica.
Lynch apresenta 20 novas obras, entre esculturas rústicas com pontos luminosos e pinturas feitas com materiais diversos. Ele já expôs na mesma galeria em 2009. Para 2014, será organizada uma retrospectiva de seu trabalho como artista plástico.

VINHOS DO MUNDO
Mais de 250 tipos de vinhos de várias latitudes, como Portugal, França, Nova Zelândia e Califórnia, estarão disponíveis para degustação numa feira que acontece na próxima sexta e sábado (25 e 26/3), no shopping a céu aberto Santa Monica Place, a poucas quadras da praia.
Os ingressos custam cerca de R$ 85. Além das degustações, incluem cursos rápidos de 20 minutos, dados pelas próprias empresas patrocinadoras. Um deles, por exemplo, explica a "arte de misturar vinhos", enquanto outro fala sobre o crescimento da indústria na África do Sul.
O "Wine Riot" (algo como bagunça do vinho, em inglês) é organizado por jovens empresários de Boston, do site Second Glass (secondglass.com), uma rede social dedicada a críticas de vinhos, cursos e eventos. "Eventos de vinho geralmente são chatos, com gente engravatada dizendo o que fazer, o que sentir etc. Queremos fazer algo diferente, divertido", diz o fundador da empresa, Tyler Balliet.


Texto Anterior: Crítica: O indizível
Próximo Texto: Arquivo aberto: O mundo em um jardim
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.