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Distrito periférico é reduto de vanguarda

GUTO REQUENA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MILÃO

Desde 1961, todos os anos, designers, arquitetos, empresários, fabricantes, estudantes e curiosos de todas as partes do mundo vêm à Itália para analisar tendências, copiar, comprar, descobrir novos talentos, pesquisar e se divertir.

A cidade se multiplica, e o que acontece de interessante aqui se propaga por meio das mais diferentes mídias, estimulando o desejo que existe dentro de nós pelo design.

Grande parte do público passa seus dias no Salão do Móvel, que ocorre ao longo de exaustivos e inesgotáveis 22 pavilhões. É mesa, cama, luminária, vaso sanitário, pia, sofá e tapete até não acabar mais. Eu me canso só de lembrar. Inquietos com o aspecto comercial do salão e cansados do desgaste de regiões paralelas como Zona Tortona e Brera, alguns designers se uniram para erguer um novo distrito criativo. Assim nasceu, em 2010, Ventura Lambrate, localizada numa zona industrial periférica no nordeste de Milão.

É por lá que se apresenta o que existe de mais efervescente no design contemporâneo: peças que deslizam com maestria entre arte e funcionalidade. O desenho questiona como usamos nosso mobiliário, construímos nossas casas e vivemos em nossas cidades.

Experimentos, erros e acertos convivem em liberdade com nomes de jovens consagrados, como Jaime Hayon e Maarten Baas. Cada canto do evento surpreende e inspira. Mais do que peças bonitas, Lambrate dispõe-se a apresentar ideias, processos.

Para o designer Rutger de Regt, as formas como o homem molda seus músculos inspiraram a coleção Happy Misfits, enquanto, para a designer berlinense Heike Buchfelder, plumas perdidas pelas aves se tornaram esculturas de luz. O jovem mexicano Jose de la O é obcecado por domesticar jardins, provando que, mesmo em apartamentos muito pequenos, é possível cultivar natureza.

Bolinhas de spray coloridas grafitadas pelas ruas e calçadas guiam os visitantes até Ventura Lambrate. Não dá para não lembrar a fábula de João e Maria. Em apenas quatro quarteirões, velhos galpões e garagens detonadas expõem ideias que irradiam para todos os lados. Lá, definitivamente, tamanho não é documento.

GUTO REQUENA é arquiteto e mestre em arquitetura pela USP.
Site: www.gutorequena.com.br
Twitter e Instagram: @gutorequena

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