'Pay-per-use' incentiva estilo de vida confinado

A redução das famílias e dos apartamentos, o aumento das distâncias urbanas e dos engarrafamentos e a elevação dos custos de manter um funcionário doméstico são alguns dos motivos que levam os brasileiros a se tornarem um pouco mais parecidos com Chanel e seus apartamentos um pouco mais semelhantes a hotéis.

A Jani King, empresa de limpeza para hotelaria, tem contrato com 37 condomínios em São Paulo. Há três anos, não chegava a atender dez clientes com esse perfil.

Para Christian Rojas, diretor de operações da Jani King no Brasil, a confiança em que o trabalho será bem-feito é o diferencial entre a limpeza contratada de uma empresa e a feita por uma faxineira autônoma. "Nossa equipe tem treinamento, equipamentos e produtos profissionais. Não tem nada a ver com uma limpeza comum", diz. O preço varia de R$ 70 a R$ 250.

A secretária-executiva Daniela Souto, 23, diz que o preço mais em conta foi determinante para que ela trocasse a academia do bairro pela do prédio, em Pinheiros: "A mensalidade é quase a metade e ainda tem a praticidade de só precisar descer o elevador. E, nos dias de preguiça, o professor interfona aqui em casa."

Para Lucília Dantas, 43, mãe de Matheus, 14, as aulas de inglês no prédio onde moram, no Tatuapé, valem pela segurança. "Antes, ele fazia aula perto da escola. Ia a pé, mas, quando terminava, era um pouco tarde, e eu não queria que ele voltasse sozinho". Resultado: a mãe tinha de dar uma pausa no trabalho para buscar o filho na escola. "Agora, não temos esse problema."

Matheus Castaldi, 12, ficou animado quando todos os amigos passaram a frequentar aulas de percussão no prédio. "Não sabia nada do assunto, mas meus amigos gostaram. Então fiz uma aula inicial e me matriculei", conta. O preço do curso (R$ 65 por aula) e a companhia dos amigos ajudaram a convencer os pais.