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CLASSE MÉDIA EM ESPERA
Incorporadores querem pacote para aumentar vendas
Empresas afirmam que seus custos dificultam atuação na faixa do SFH
DA REPORTAGEM LOCAL
Como a maré alta da construção civil elevou os preços de
terrenos na cidade de São Paulo
a partir de 2007, os incorporadores argumentam que não
têm conseguido "encaixar"
imóveis para a classe média
com o valor de até R$ 350 mil.
"Não se consegue produzir
em regiões boas para a faixa do
SFH", afirma Mirella Parpinelle, da imobiliária Lopes.
Assim, as empresas aguardam o pacote do governo para a
construção civil com a esperança de aumentar as vendas em
um patamar acima de preços.
Alto da Lapa (zona oeste),
Mooca e Alto da Mooca (zona
leste) foram as regiões que se
destacaram no número de lançamentos de R$ 350 mil a
R$ 500 mil em 2008 -faixa de
valores que poderá ser incluída
nos financiamentos pelo SFH.
Juntos, os três bairros respondem por mais de 25% das
unidades lançadas nesse intervalo de valores: 1.280, todas
com três ou quatro dormitórios, segundo pesquisa exclusiva feita para a Folha pelo Secovi-SP, com dados da Embraesp
(Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).
Bairros tradicionais, porém
mais afastados de avenidas
centrais e do metrô, são os escolhidos pela classe média que
quer mais qualidade de vida.
Exigente e com restrições orçamentárias, esse cliente tende
a ser mais cuidadoso na hora de
fechar o negócio. Segundo dados da Lopes, o comprador desse segmento leva em média seis
meses para se decidir.
Oportunidade
A característica se evidencia
em um período de temor financeiro como o atual. "A pessoa
não tem a necessidade da compra, ela quer melhorar de vida e
isso não é urgente. Em geral,
volta três vezes no plantão [de
vendas] antes de fechar", afirma o diretor de produto da Tecnisa, Marcelo Moralles.
No caso de imóveis de até
R$ 350 mil, o comprador leva
cerca de um mês para fechar o
negócio, de acordo com Mirella
Parpinelle, da Lopes.
A redução na procura aumentou a possibilidade de descontos na hora da venda. "Sentimos que houve uma maior
flexibilidade para viabilizar o
negócio [a partir de setembro]", diz Feliciano Giachetta,
da FGi Negócios Imobiliários.
"A necessidade [das empresas] de liquidez, de fazer caixa, é
uma oportunidade", conclui.
Apesar disso, os consultores
ouvidos pela reportagem não
acreditam em depreciação dos
imóveis. "A redução [na procura por imóvel para moradia] foi
maior para valores mais altos
de apartamento", sinaliza
Odair Senra, do SindusCon-SP.
SFH
A discussão sobre a alta do
valor máximo do imóvel financiado pelo SFH é o uso de recursos do FGTS para um público que não é o mais carente.
"Não é uma demanda para
suprir o déficit habitacional,
mas é um segmento sensível e
merecedor de atenção", defende João Crestana, presidente
do Secovi-SP.
"Tampouco vai afetar a grande demanda, que é a da renda
mais baixa", argumenta, posto
que o financiamento só beneficia aos compradores do primeiro imóvel.
(CRISTIANE CAPUCHINHO)
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