São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009

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CLASSE MÉDIA EM ESPERA

Incorporadores querem pacote para aumentar vendas

Empresas afirmam que seus custos dificultam atuação na faixa do SFH

DA REPORTAGEM LOCAL

Como a maré alta da construção civil elevou os preços de terrenos na cidade de São Paulo a partir de 2007, os incorporadores argumentam que não têm conseguido "encaixar" imóveis para a classe média com o valor de até R$ 350 mil.
"Não se consegue produzir em regiões boas para a faixa do SFH", afirma Mirella Parpinelle, da imobiliária Lopes.
Assim, as empresas aguardam o pacote do governo para a construção civil com a esperança de aumentar as vendas em um patamar acima de preços.
Alto da Lapa (zona oeste), Mooca e Alto da Mooca (zona leste) foram as regiões que se destacaram no número de lançamentos de R$ 350 mil a R$ 500 mil em 2008 -faixa de valores que poderá ser incluída nos financiamentos pelo SFH.
Juntos, os três bairros respondem por mais de 25% das unidades lançadas nesse intervalo de valores: 1.280, todas com três ou quatro dormitórios, segundo pesquisa exclusiva feita para a Folha pelo Secovi-SP, com dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).
Bairros tradicionais, porém mais afastados de avenidas centrais e do metrô, são os escolhidos pela classe média que quer mais qualidade de vida.
Exigente e com restrições orçamentárias, esse cliente tende a ser mais cuidadoso na hora de fechar o negócio. Segundo dados da Lopes, o comprador desse segmento leva em média seis meses para se decidir.

Oportunidade
A característica se evidencia em um período de temor financeiro como o atual. "A pessoa não tem a necessidade da compra, ela quer melhorar de vida e isso não é urgente. Em geral, volta três vezes no plantão [de vendas] antes de fechar", afirma o diretor de produto da Tecnisa, Marcelo Moralles.
No caso de imóveis de até R$ 350 mil, o comprador leva cerca de um mês para fechar o negócio, de acordo com Mirella Parpinelle, da Lopes.
A redução na procura aumentou a possibilidade de descontos na hora da venda. "Sentimos que houve uma maior flexibilidade para viabilizar o negócio [a partir de setembro]", diz Feliciano Giachetta, da FGi Negócios Imobiliários.
"A necessidade [das empresas] de liquidez, de fazer caixa, é uma oportunidade", conclui.
Apesar disso, os consultores ouvidos pela reportagem não acreditam em depreciação dos imóveis. "A redução [na procura por imóvel para moradia] foi maior para valores mais altos de apartamento", sinaliza Odair Senra, do SindusCon-SP.

SFH
A discussão sobre a alta do valor máximo do imóvel financiado pelo SFH é o uso de recursos do FGTS para um público que não é o mais carente.
"Não é uma demanda para suprir o déficit habitacional, mas é um segmento sensível e merecedor de atenção", defende João Crestana, presidente do Secovi-SP.
"Tampouco vai afetar a grande demanda, que é a da renda mais baixa", argumenta, posto que o financiamento só beneficia aos compradores do primeiro imóvel. (CRISTIANE CAPUCHINHO)


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