São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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"Marketing verde" valoriza apartamentos

Incorporadoras se valem da obrigação legal de preservação para vender lançamentos

Renato Stockler/Folha Imagem
Área verde na rua Mateus Grou (Pinheiros), que é mantida por moradores com R$ 8.000 mensais


DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ser vizinho de uma área verde é um forte apelo nos folhetos imobiliários, principalmente quando se trata de um bosque doado pela própria empresa responsável pelo lançamento.
A preservação das árvores, que pode parecer uma iniciativa voluntária de construtoras e incorporadoras, geralmente não passa de cumprimento de exigências da legislação ambiental e do Plano Diretor.
As mesmas árvores que servem para o incorporador barganhar na compra do terreno -pelos custos de realocação da vegetação- tornam-se apelo de marketing ao vender as unidades, diz Marcelo Cocco, diretor da DPAA (Divisão Técnica de Proteção e Avaliação Ambiental) da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
"Há empresas que chegam pedindo para cortar tudo, mas, quando o lançamento sai no jornal, o apelo é "venha morar perto do bosque tal". Parece que o mérito é delas, quando a DPAA fez seu trabalho de proteger o ambiente", conta Cocco.

Valorização
A presença de áreas verdes costuma valorizar especialmente apartamentos localizados em bairros que ainda não são os mais cobiçados do mercado imobiliário -e que, em contrapartida, têm ainda grandes espaços "virgens".
"Quando você está numa região menos valorizada, o cliente tem percepção e valoriza [a proximidade de áreas verdes]", afirma a diretora de marketing da Klabin Segall, Marcela Carvalhal. "É um fator diferencial."

Sem licença
O corte ou a poda de qualquer árvore -seja para dar lugar a edifícios, seja no quintal de uma casa- só pode ser feito com autorização da prefeitura.
A boa notícia é que a maioria das árvores não têm precisado dar licença para prédios - residenciais ou comerciais.
Em 72% dos 139 Laudos de Avaliação Ambiental emitidos pela DPAA em 2005 e 2006, as plantas foram mantidas no terreno, e, em 66%, o número de árvores no lote aumentou.
Nos canteiros de obras, as árvores pedem cuidados especiais, mas, em cerca de 60% das vistorias que faz, a DPAA depara-se com descuidos como deposição de resíduos de obra que podem impermeabilizar o solo.

Portaria
Para evitar danos, a Secretaria do Verde publica, neste mês, portaria especificando a proteção adequada às árvores durante a construção e irregularidades passíveis de autuação.
Segundo Cocco, a portaria só vai surtir efeito se as empresas contratarem profissionais especializados -engenheiros agrônomos e florestais e jardineiros- nos projetos.
"O servente de pedreiro não sabe e não tem obrigação de saber plantar uma árvore e quais cuidados deve ter com ela", afirma o diretor da DPAA.


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