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"Marketing verde" valoriza apartamentos
Incorporadoras se valem da obrigação legal de preservação para vender lançamentos
Renato Stockler/Folha Imagem
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Área verde na rua Mateus Grou (Pinheiros), que é mantida por moradores com R$ 8.000 mensais |
DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ser vizinho de uma área verde é um forte apelo nos folhetos
imobiliários, principalmente
quando se trata de um bosque
doado pela própria empresa
responsável pelo lançamento.
A preservação das árvores,
que pode parecer uma iniciativa voluntária de construtoras e
incorporadoras, geralmente
não passa de cumprimento de
exigências da legislação ambiental e do Plano Diretor.
As mesmas árvores que servem para o incorporador barganhar na compra do terreno
-pelos custos de realocação da
vegetação- tornam-se apelo de
marketing ao vender as unidades, diz Marcelo Cocco, diretor
da DPAA (Divisão Técnica de
Proteção e Avaliação Ambiental) da Secretaria Municipal do
Verde e do Meio Ambiente.
"Há empresas que chegam
pedindo para cortar tudo, mas,
quando o lançamento sai no
jornal, o apelo é "venha morar
perto do bosque tal". Parece que
o mérito é delas, quando a
DPAA fez seu trabalho de proteger o ambiente", conta Cocco.
Valorização
A presença de áreas verdes
costuma valorizar especialmente apartamentos localizados em bairros que ainda não
são os mais cobiçados do mercado imobiliário -e que, em
contrapartida, têm ainda grandes espaços "virgens".
"Quando você está numa região menos valorizada, o cliente tem percepção e valoriza [a
proximidade de áreas verdes]",
afirma a diretora de marketing
da Klabin Segall, Marcela Carvalhal. "É um fator diferencial."
Sem licença
O corte ou a poda de qualquer árvore -seja para dar
lugar a edifícios, seja no quintal
de uma casa- só pode ser feito
com autorização da prefeitura.
A boa notícia é que a maioria
das árvores não têm precisado
dar licença para prédios - residenciais ou comerciais.
Em 72% dos 139 Laudos de
Avaliação Ambiental emitidos
pela DPAA em 2005 e 2006, as
plantas foram mantidas no terreno, e, em 66%, o número de
árvores no lote aumentou.
Nos canteiros de obras, as árvores pedem cuidados especiais, mas, em cerca de 60% das
vistorias que faz, a DPAA depara-se com descuidos como deposição de resíduos de obra que
podem impermeabilizar o solo.
Portaria
Para evitar danos, a Secretaria do Verde publica, neste mês,
portaria especificando a proteção adequada às árvores durante a construção e irregularidades passíveis de autuação.
Segundo Cocco, a portaria só
vai surtir efeito se as empresas
contratarem profissionais especializados -engenheiros
agrônomos e florestais e jardineiros- nos projetos.
"O servente de pedreiro não
sabe e não tem obrigação de saber plantar uma árvore e quais
cuidados deve ter com ela",
afirma o diretor da DPAA.
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