São Paulo, domingo, 01 de julho de 2007

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Um-quarto por meio preço

Flats deixam de ser hotéis e suprem falta de apartamentos novos de um dormitório em áreas nobres da capital

Renato Stockler/Folha Imagem
Harry Rosenberg comprou imóvel com vista para os Jardins por R$ 100 mil e condomínio a R$ 930


DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com R$ 60 mil, é possível comprar um apartamento em áreas valorizadas como Jardins (zona oeste), Moema (zona sul) e Alphaville (Barueri), desde que não se busque muito espaço -a planta de 40 m2 tem uma suíte, sala e cozinha conjugadas, sem área de serviço.
São flats da primeira geração -construídos nas décadas de 80 e 90-, que ficaram defasados em estrutura física e tecnologia e não conseguem competir com aqueles erguidos nos últimos três anos.
"Sem contar as novas opções do mercado, como hotéis econômicos", afirma Heleno Haddad Maluf, 60, diretor da área de flats do Secovi-SP (sindicato da habitação) e da empresa Riema Apart Services.
Muitos flats abandonaram a vocação hoteleira e enxugaram os serviços possíveis -lavanderia e manobrista costumam ser mantidos- para baratear a mensalidade do condomínio.
Na região dos Jardins, há apart-hotéis mais velhos à venda por entre R$ 70 mil e R$ 120 mil, segundo dados da imobiliária especializada Olivver.
Os valores são inferiores à metade do preço de um flat novo, que custa entre R$ 250 mil e R$ 300 mil. Mas os novos, ao contrário dos anteriores, não têm perfil de moradia.
"São muito pequenos [cerca de 18 m2], com configuração de estúdio", descreve José Marques Filho, 49, gerente nacional de operações da Mercure Apartments. "São pouco atrativos para morar, mas confortáveis para hóspedes."
Segundo a proprietária da Olivver, Shirley Sorvilo, 45, os flats preenchem a falta de apartamentos de um dormitório e de quitinetes nos Jardins e no Itaim (zona oeste).
Em 2007, por exemplo, não surgiu imóvel novo de um quarto nessas regiões. O último a sair nos Jardins, em 2006, foi lançado por R$ 403 mil, com uma suíte e 89,5 m2, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).
"São áreas muito procuradas por solteiros, descasados, recém-casados, idosos, universitários", enumera Sorvilo.
Para ela, no mercado de flats há 30 anos, o melhor momento para comprar foi em 2001.
"Havia excesso de oferta. Eram 35 mil unidades [na cidade], mais que o dobro de 1998, 14.500", lembra. "Agora o mercado de novos flats está estável, então a tendência é o preço dos mais velhos se manter."

Condomínio
Se o valor de um flat mais velho é baixo, o condomínio costuma ser o inverso e inclui o rateio de despesas como telefone, energia elétrica e internet.
O personal trainer Harry Rosenberg, 40, comprou um flat nos Jardins por R$ 100 mil e paga R$ 930 de condomínio e R$ 100 de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).
"Não é absurdo, considerando-se o pacote. Ligo no restaurante a qualquer hora e mando entregar, o serviço está incluído [no condomínio]", pondera.
Rosenberg diz não ligar para o trânsito de hóspedes no prédio, que ainda opera como hotel: "Fecho a porta e pronto".
Ele já havia morado em flat como inquilino e planeja reformar seu imóvel de 40 m2 para substituir a decoração padronizada por um toque pessoal.


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