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Um-quarto por meio preço
Flats deixam de ser hotéis e suprem falta de apartamentos novos de um dormitório em áreas nobres da capital
Renato Stockler/Folha Imagem
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Harry Rosenberg comprou imóvel com vista para os Jardins por R$ 100 mil e condomínio a R$ 930 |
DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com R$ 60 mil, é possível
comprar um apartamento em
áreas valorizadas como Jardins
(zona oeste), Moema (zona sul)
e Alphaville (Barueri), desde
que não se busque muito espaço -a planta de 40 m2 tem uma
suíte, sala e cozinha conjugadas, sem área de serviço.
São flats da primeira geração
-construídos nas décadas de
80 e 90-, que ficaram defasados em estrutura física e tecnologia e não conseguem competir com aqueles erguidos nos
últimos três anos.
"Sem contar as novas opções
do mercado, como hotéis econômicos", afirma Heleno Haddad Maluf, 60, diretor da área
de flats do Secovi-SP (sindicato
da habitação) e da empresa
Riema Apart Services.
Muitos flats abandonaram a
vocação hoteleira e enxugaram
os serviços possíveis -lavanderia e manobrista costumam ser
mantidos- para baratear a
mensalidade do condomínio.
Na região dos Jardins, há
apart-hotéis mais velhos à venda por entre R$ 70 mil e R$ 120
mil, segundo dados da imobiliária especializada Olivver.
Os valores são inferiores à
metade do preço de um flat novo, que custa entre R$ 250 mil
e R$ 300 mil. Mas os novos, ao
contrário dos anteriores, não
têm perfil de moradia.
"São muito pequenos [cerca
de 18 m2], com configuração de
estúdio", descreve José Marques Filho, 49, gerente nacional de operações da Mercure
Apartments. "São pouco atrativos para morar, mas confortáveis para hóspedes."
Segundo a proprietária da
Olivver, Shirley Sorvilo, 45, os
flats preenchem a falta de apartamentos de um dormitório e
de quitinetes nos Jardins e no
Itaim (zona oeste).
Em 2007, por exemplo, não
surgiu imóvel novo de um
quarto nessas regiões. O último
a sair nos Jardins, em 2006, foi
lançado por R$ 403 mil, com
uma suíte e 89,5 m2, segundo a
Embraesp (Empresa Brasileira
de Estudos de Patrimônio).
"São áreas muito procuradas
por solteiros, descasados, recém-casados, idosos, universitários", enumera Sorvilo.
Para ela, no mercado de flats
há 30 anos, o melhor momento
para comprar foi em 2001.
"Havia excesso de oferta.
Eram 35 mil unidades [na cidade], mais que o dobro de 1998,
14.500", lembra. "Agora o mercado de novos flats está estável,
então a tendência é o preço dos
mais velhos se manter."
Condomínio
Se o valor de um flat mais velho é baixo, o condomínio costuma ser o inverso e inclui o rateio de despesas como telefone,
energia elétrica e internet.
O personal trainer Harry Rosenberg, 40, comprou um flat
nos Jardins por R$ 100 mil e
paga R$ 930 de condomínio e
R$ 100 de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).
"Não é absurdo, considerando-se o pacote. Ligo no restaurante a qualquer hora e mando
entregar, o serviço está incluído [no condomínio]", pondera.
Rosenberg diz não ligar para
o trânsito de hóspedes no prédio, que ainda opera como hotel: "Fecho a porta e pronto".
Ele já havia morado em flat
como inquilino e planeja reformar seu imóvel de 40 m2 para
substituir a decoração padronizada por um toque pessoal.
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