São Paulo, domingo, 01 de setembro de 2002

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FINANÇAS

Criada por bancos, a novidade ganha espaço entre imóveis comerciais

Leilão para investidores é a nova aposta do mercado

DA REPORTAGEM LOCAL

Se os leilões extrajudiciais ainda são motivo de muitas discussões e polêmicas, uma outra forma de venda pública está despontando como a "bola da vez" do mercado imobiliário: são os leilões de imóveis para investidores.
A novidade teve início neste ano, a partir de duas resoluções do Banco Central (nš 2.283/96 e nš 2.669/99) estipulando limites regressivos de ativos imobilizados (entre os quais está a propriedade de imóveis) que os bancos poderiam ter em seu patrimônio.
Dessa forma, até 2000, os agentes financeiros poderiam ter 80% do patrimônio líquido em ativos permanentes, como os imobiliários. Essa quantidade caiu para 60% em junho deste ano e chegará a apenas 50% em 2003.
Consequentemente, os bancos estão tendo de "se livrar" dos imóveis em seu nome, sobretudo as agências. Para atrair compradores, oferecem vantagens co- mo garantia de locação de até dez anos, descontos na compra à vista e possibilidade de financiamento na aquisição a prazo.
Instituições como o Bradesco e o Unibanco já realizaram leilões, e outros bancos, como a CEF (Caixa Econômica Federal), estão iniciando as vendas para investidores. Só o Bradesco fez duas vendas públicas num total de 70 agências, em junho e em agosto, arrecadando R$ 172 milhões, com ágios de 33,28% e 42,23%. A Folha apurou que o banco está se preparando agora para uma nova oferta.
"Acabamos de publicar o primeiro de uma sequência de quatro editais até o fim do ano, quando teremos leiloado 680 agências em todo o país", afirma o supe- rintendente nacional de recursos da CEF, José Odalgir Brizolin, 51. O valor das vendas, nesse caso, equivale a R$ 600 milhões.

Para poucos
O perfil desse tipo de investidores mostra que são pessoas com alta disponibilidade de ativos, que querem diversificar suas aplicações, muitos pensando em investir como previdência.
"Um cliente que tenha R$ 1,5 milhão para arrematar uma agência já é potencial investidor", define o vice-presidente de finanças do BankBoston, Alex Zornig. Segundo ele, trata-se de um "investimento melhor do que o imóvel, por oferecer inquilino de qualidade e renda garantida por anos".
"Já temos 66 das 67 agências nesse esquema, e pensamos em fazer o mesmo com a nossa sede, na marginal Pinheiros, no valor de R$ 310 milhões", revela Zornig.
O sucesso dos bancos despertou a atenção de outras empresas do mercado imobiliário. A imobiliária São Carlos, por exemplo, colocará em leilão 16 imóveis locados para as Lojas Americanas em 12 Estados brasileiros, numa operação de R$ 50 milhões.
"É um novo nicho de mercado e temos de aproveitar o momento, pois a procura de imóveis por investidores é grande", justifica o superintendente Rodolfo Mifano, 55. Além da locação garantida, haverá uma porcentagem de renda sobre as vendas da loja. (CA)

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