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Imigrantes dão cara a regiões em que se estabeleceram
Italianos são fiéis à Mooca; Higienópolis tem elevadores "automáticos" para "shabat" da colônia judaica
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
São Paulo tornou-se a casa de
alguns grupos de imigrantes.
Um dos mais importantes deles
é o de italianos, que chegou à cidade no final do século 19 e demarcou seu território na Mooca (zona leste).
No passado, o estabelecimento dos habitantes na região
ocorreu por conta da proximidade com as fábricas do Brás,
onde trabalhavam. Hoje a Mooca atrai quem gosta de um local
tranquilo, sem perder a comodidade de morar relativamente
perto do centro e de ter à mão
um amplo leque de serviços.
Ruth Cardamone, 74, é funcionária pública aposentada e
faz parte de uma família de descendentes de italianos que está
há cinco gerações no bairro. Ela
herdou do pai um amplo apartamento em um antigo prédio
de dois andares. "Quem sai da
Mooca acaba voltando, porque
não se acostuma a outro lugar."
Segundo a pesquisa DNA
Paulistano, realizada pelo Datafolha em 2008, a fidelidade é
de fato uma característica dos
moradores do distrito da Mooca -52% deles acreditam que
seu bairro é melhor que os demais da cidade.
Apesar de manter um ar conservador, a região dá sinais de
que passará pelo mesmo crescimento vertical do Tatuapé e do
bairro Anália Franco.
O preço médio dos lançamentos na Mooca em 2008 e
2009 (R$ 3.670) superou o do
Tatuapé (R$ 3.034), segundo
dados da Geoimovel.
Já quem mora na Liberdade,
região central de São Paulo, defende que o bairro é muito mais
do que a feira típica japonesa e
as lanternas vermelhas da rua
Galvão Bueno. Sua fronteira
chega até as proximidades da
Aclimação e do Cambuci.
Área íntima
Nessa ampla área vivem não
apenas japoneses e descendentes mas também coreanos e
chineses. "Os orientais gostam
de imóveis espaçosos e valorizam a segurança", afirma Aldo
Ferreira de Assis, proprietário
da imobiliária Afassis.
O corretor também revela
que a discrição é mais um ponto marcante das três culturas.
"Elas dão preferência à área íntima e não gostam de se expor."
Descendente de japoneses,
Sergio Sado Hattano, 40, possui
um pequeno comércio na região e há sete anos mudou-se
do Ipiranga (zona sul) para um
imóvel de dois dormitórios
próximo ao seu estabelecimento. "Agora estou mais perto do
trabalho e não perco tanto tempo no trânsito", justifica.
De 2006 a agosto de 2009,
houve 11 lançamentos imobiliários no distrito da Liberdade,
segundo a Geoimovel. O preço
médio do metro quadrado em
2008 e 2009 foi de R$ 4.881.
Colônia judaica
A expressiva colônia judaica
que habita Higienópolis desde
meados do século passado fez
desse bairro da região central
paulistana um local repleto de
referências a sua cultura.
Os imóveis são, em sua maioria, de alto padrão. Helio Mizrahi, proprietário da HM Imóveis, afirma que as famílias predominam: "70% dos apartamentos são de três ou de quatro
dormitórios", caracteriza.
Quando ortodoxos, os judeus
instalam duas pias na cozinha
-uma para laticínios e outra
para carne, como preconiza a
culinária "kosher".
Entre os preceitos do "shabat", não é permitido acionar o
elevador durante o período semanal de descanso, que vai do
pôr do sol de sexta-feira ao pôr
do sol de sábado. Por isso, muitos judeus preferem apartamentos em andares baixos.
Há edifícios em Higienópolis
que solucionaram essa questão
de maneira mais tecnológica.
Durante o "shabat", o elevador
é programado para parar em
todos os andares; ao usuário cabe apenas esperá-lo chegar ao
seu pavimento.
(EVELYN CARVALHO)
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