São Paulo, domingo, 4 de janeiro de 1998.



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HISTÓRIA PRESERVADA
Prédios antigos de Recife e Olinda, em Pernambuco, ganham novo perfil após restauração
Bares revitalizam o centro histórico

da Reportagem Local

O bairro do Recife, o mais antigo da cidade e que por muito tempo ficou estigmatizado como antro de prostituição, abriga hoje alguns dos bares e casas noturnas mais procurados por turistas e pessoas da classe média de Recife (PE).
Alvo de um processo de revitalização desde 94, o bairro, originalmente um misto de residências e comércio, tem tido seus imóveis restaurados por empresários da cidade para uso comercial.
Para o arquiteto Noé Sérgio do Rego Barros, que com seus escritório já restaurou cerca de sete imóveis na cidade, os centros urbanos perderam a função residencial. "Existe um trabalho para trazer as residências novamente para o centro, mas isso vem aos poucos."
Os empresários que participam da reciclagem do centro histórico da cidade recebem da prefeitura incentivos fiscais e isenção do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Mas para isso o projeto deve ser aprovado por técnicos da administração municipal.
Segundo Barros, o governo deu início ao processo, no início da década de 90, restaurando três imóveis. Hoje a iniciativa privada é a responsável por toda a revitalização do bairro.
"O mais interessante é que os empresários têm negociado diretamente com os proprietários dos imóveis", afirma.
O bar Depois do Escuro, que ocupa um dos edifícios tombados do bairro do Recife, é, segundo Barros, fruto de um desses acordos. "O prédio que pegou fogo há alguns anos e estava completamente abandonado foi restaurado. Para isso, o proprietário do imóvel negociou com o dono do bar uma carência no aluguel."
Para Barros, a restauração não só é importante para a história da cidade como é uma área de atuação que se abre para os arquitetos.
"A partir dos anos 80, a Universidade Federal instituiu a disciplina intervenção em sítios históricos no curso de arquitetura", afirma.
Olinda
Na antiga estação de bonde Machombomba, em Olinda, o estilista e empresário Beto Kelner, 34, montou uma de suas lojas.
Segundo Kelner, o prédio de 250 m2 estava em ruínas. Um estudo da arquiteta Silvana Gondin com a prefeitura da cidade possibilitou a recuperação do imóvel.
"É um conjunto de prédios em volta da praça do Carmo, que também já foi revitalizada", afirma.
Kelner diz que o investimento inicial foi da ordem de US$ 100 mil. Hoje ele tem 20 anos de posse do imóvel e paga um aluguel mensal que aumenta gradativamente.
O empresário também tem uma casa noturna, a Fun House, em uma antiga fábrica de café, na Torre, bairro central.
Para Kelner, o sentido principal é recuperar os prédios antigos que embelezam a cidade.



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