São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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Mais que o zoneamento urbano, incorporadores reduzem a 5 as regiões com potencial para prédios altos

Mercado também restringe arranha-céus

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Não é só o zoneamento urbano da capital que provoca um limite vertical. Na prática, o mercado imobiliário tem interesses ainda mais restritos: apenas cinco regiões-das aptas a receber empreendimentos com área construída de até quatro vezes a do terreno- devem atrair investidores, segundo análise de especialistas.
Entre as mais cotadas estão as cercanias da av. Jornalista Roberto Marinho (zona oeste), alvo de uma operação urbana (região escolhida pela prefeitura para a realização de melhorias urbanísticas) desde 2001. "Elas vão trocar de pele", afirma João d'Avila, diretor da Amaral d'Avila Engenharia de Avaliações. "Os imóveis atuais darão lugar a uma nova cidade."

Sonho
E é lá que a Cyrela está erguendo o Mandarim, residencial que será o mais alto da cidade, com 137 m. "Além de um ótimo investimento, a vista que terei [ele comprou a cobertura dúplex, no 39º e no 40º andares] é tudo que sonhei para mim", comemora o engenheiro Fernando Mantovani Iasi, 29.
O pólo de crescimento estende-se até a av. Dr. Chucri Zaidan (zona oeste). "Há muitos galpões", explica d'Avila. "Surgirão ali empreendimentos comerciais e residenciais", corrobora Paulo Menezes, 48, diretor da consultoria Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio). "E com um padrão urbanístico menos frio que o da Faria Lima, que tem muito concreto", compara.
Na zona leste, o Tatuapé e o Jardim Anália Franco, onde há Z3 (uso predominantemente residencial de densidade média), também atraem os incorporadores. "Ali há infra-estrutura, metrô e vias de acesso", analisa.
Na região da operação urbana Água Branca (zona oeste), em vigor desde 1995, os consultores destacam uma faixa compreendida entre a rua Turiassu e a avenida Francisco Matarazzo, próxima ao bairro de Perdizes.
Já o centro, com uma área de Z5 (uso misto com alta densidade) e alvo de uma operação urbana iniciada em 1997, é visto com mais desconfiança por Menezes. "Tem a estrutura ideal, com muitos imóveis subutilizados para desapropriar, mas está feio e largado."

Impacto
Independentemente disso, "São Paulo sofre a falta de preparo do espaço e da infra-estrutura urbana para erguer novos edifícios altos", atesta a professora Joana Gonçalves, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, especialista no impacto de arranha-céus.
Para Ivan Maglio, diretor de planos urbanos da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, o problema está na falta de infra-estrutura viária. "Não podemos concentrar muitas pessoas em um único endereço se não podemos oferecer transporte adequado", diz. E cita Nova York e Londres como cidades que têm grandes torres graças ao maior número de estações de metrô. (EDSON VALENTE E ELENITA FOGAÇA)


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