São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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Paisagistas erguem no jardim dos novos prédios espaço polivalente que serve para cuidar do corpo e da alma

A vez dos gazebos

Fernando Moraes/Folha Imagem
O casal Alex e Francine no gazebo de vidro do apartamento que compraram, há oito meses, no Jardim Londrina (zona sul de São Paulo)


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"Gazebo: construção isolada, com pilares e teto, edificada em jardins." Quem está à procura de um apartamento novo provavelmente terá de recorrer ao corretor ou ao dicionário para entender o significado do que se propaga como a tendência de paisagismo em lançamentos de alto padrão.
"Apesar de seu conceito de contemplação, originário há mais de mil anos, ele perdeu um pouco da sua função e deu espaço a outras definições", explica Marcelo Faisao, 40, arquiteto paisagista que assina mais de 700 projetos, "5%, nos últimos anos, com gazebos".
"O mercado exige uma renovação, seja de conceitos ou palavras, por isso estes espaços estarem na moda", diz Faisao, que afirma ter lançado, em 1999, o conceito de "living garden" (jardim de estar). "O jardim tem de ser mais do que um simples espaço para plantar plantas e flores. Tem de ser um espaço para ser vivido", define.
Primeiro a trazer o conceito de "gazebo gourmet" (equipado com acessórios para preparar refeições), nos anos 90, o arquiteto paisagista Benedito Abbud, 51, explica essa tendência como "uma evolução natural do comportamento socioeconômico".
"Foi a necessidade de estar perto da natureza que retomou o uso desses espaços", teoriza Abbud, que incluiu gazebos e tendas em 300 projetos paisagísticos, dos cerca de 2.000 que ele assina.
"O gazebo de vidro foi um dos principais itens que me levou a escolher meu apartamento", conta o administrador de empresas Alex Yamamoto, 26. "Uso o espaço pelo menos uma vez por mês."
Mas não são só gazebos e pérgolas (estruturas horizontais compostas de vigamentos regulares sustentados por pilares, que se constróem como um teto vazado) que estão nas pranchetas dos arquitetos. Também estão presentes o espaço "gourmet" (ambiente com cozinha equipada e mesa de jantar), o ofurô e a piscina de raia.
"Ultimamente, a cada 10 trabalhos que elaboro, 7 necessitam obrigatoriamente de um desses espaços", relata Gilberto Elkis, 43, autor de mais de 600 projetos paisagísticos, entre eles o "spa com piscina", da última Casa Cor realizada na cidade de São Paulo.
"A piscina de 25 metros, tanto em casas como em prédios, tem um custo bem menor do que a em formato padrão. Além de economizar a área do terreno e ter uma belíssima plástica, é moderna."
Para a arquiteta Cristiane Ramos, 26, do Instituto Brasileiro de Paisagismo, é fundamental uma pesquisa prévia para definir as necessidades do cliente, antes dos primeiros esboços do projeto paisagístico. "Nós perguntamos quem vai usar e por que ele quer esses espaços", explica.
(ANA PAULA DE OLIVEIRA)

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