São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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TENDÊNCIA

Longe de ser uma cortesia, já que está embutida no preço, iniciativa adotada por 14 empresas é chamariz de vendas

Construtoras agora decoram a área comum

Fernando Moraes/Folha Imagem
O advogado Marcelo Moleiro se diz "satisfeito" com a área social, entregue decorada; ao lado, croqui de hall da Company


CÁSSIO AOQUI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Áreas comuns entregues já equipadas e decoradas." Quem está procurando um apartamento novo para comprar decerto já se deparou com essa frase, cada vez mais utilizada como chamariz de vendas em anúncios de imóveis.
Prova disso é que a entrega das áreas sociais e de lazer prontas para usar já é adotada por 14 entre 15 grandes construtoras e incorporadoras consultadas pela Folha. "Tem sido uma tendência nos últimos três anos, mas, atualmente, é ainda mais forte", avalia o diretor de marketing da imobiliária Itaplan, Fábio Rossi Filho, 36.
"A médio prazo, a decoração da área comum fará parte da cultura imobiliária, como em muitos países que já entregam unidades com eletrodomésticos", aposta Maurício Souen, 37, diretor da construtora Souen & Nahas.
Considerada a última moda dos lançamentos, no entanto, a iniciativa está longe de ser uma cortesia das empresas. "Em geral, está embutida no custo da unidade. Nada cai do céu", alerta o vice-presidente da imobiliária Coelho da Fonseca, Sergio Luiz Vieira, 56.

Custo-benefício
"Os benefícios ao enobrecer os empreedimentos são bem maiores do que os custos, insignificantes ao final da obra", contabiliza Marcelo Junqueira, 40, gerente de incorporações da Gafisa.
Outra vantagem seria a redução de custos para o morador. "Como adquirimos em grande escala, nosso poder de compra com os fabricantes é maior", diz Eduardo Machado, 40, diretor da Cyrela.
"Num imóvel de R$ 150 mil, se a decoração da área comum custa R$ 50 mil, o acréscimo fica em R$ 5 por prestação, pois a despesa é diluída em sete anos de financiamento", exemplifica Gionny Ronco, 36, diretor da Tecnisa.
Nos cálculos do diretor da Abyara Rogério Santos, 34, o custo para deixar as áreas comuns equipadas, dependendo do imóvel, varia de R$ 15 mil a R$ 100 mil.

Fácil comercialização
"Há benefícios claros para as construtoras. Quando há unidades não vendidas, por exemplo, fica muito mais fácil comercializá-las com a área comum já decorada", justifica Luiz Rogelio Tolosa, 47, da construtora Company.
A construtora Klabin Segall é outra que entrega as chaves com os espaços comuns equipados. "No ano passado, decidimos entregar todos os imóveis decorados, e não só os de alto padrão, pois percebemos que isso agrega valor à aquisição", argumenta o diretor Silvio Chaimovitz, 34.
As vantagens para as empresas seriam tantas que já há as que afirmam não embutir as áreas decoradas no valor dos apartamentos. "É um custo da empresa, pois faz parte de nossa ação de marketing", afirma a gerente da FAL 2 Patrícia Pousa. A Company é outra que diz não incluir no preço.
Bom para o advogado Marcelo Moleiro, 43, que acaba de receber seu imóvel com as áreas de lazer equipadas: "Vale a pena, pois na hora da revenda, tenho certeza de que vou sair lucrando", acredita.
Mas nem todas preferem entregar esses espaços mobiliados. "Mesmo em detrimento do hall social ou do lazer, optamos por agregar valor até um ponto em que não comprometa o atrativo do preço", diz Marcos Cabaleiro, diretor da construtora MRV.
A gerente de ótica Edvani Maria Regis, 30, assina embaixo. "A área comum é o elemento menos importante. Preferi pagar menos e deixar para os condôminos decidirem o que é melhor mais tarde."



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