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PREGÃO DO IPTU
Paralelo opera com o aval da prefeitura
Bolsa tem 5.000 usuários e já fechou 1.500 negócios; créditos registrados para abatimento somam R$ 16,2 mi
DA REPORTAGEM LOCAL
O bancário Liao Yu Chieh,
30, percebeu que poderia "aliviar" suas despesas com IPTU
ao ler, no final de setembro,
uma notícia na internet.
"Melhor foi descobrir que já
possuía cerca de R$ 200 em
créditos", conta.
Como a quantia é irrisória
diante dos quase R$ 6.000 que
Chieh paga de IPTU todo ano
-referentes a dois apartamentos, uma casa e uma vaga de garagem -, ele foi buscar créditos
em um pregão virtual.
Na Bolsa de IPTU
(www.bolsadeiptu.com.br),
é possível comprar créditos
com deságio médio de 16%. O
cadastro é gratuito.
"Não estamos favorecendo a
especulação. O cliente não pode comprar e vender créditos
ao mesmo tempo", explica Rodrigo Monzoni, 30, um dos fundadores da bolsa, que entrou
em operação na penúltima semana de outubro.
A bolsa articula as melhores
propostas e acompanha a
transferência dos valores. Até a
última sexta-feira, havia 5.000
usuários e 1.500 transações tinham sido fechadas.
A prefeitura não vê impedimento no negócio. "A lei que
instituiu o benefício prevê que
os créditos possam ser negociados", afirma George Tormin, 46, secretário-adjunto de
finanças.
Segundo ele, o objetivo é incentivar a emissão de notas e o
recolhimento do ISS -uma estratégia de combate à sonegação, já que, para obter o abatimento, o contribuinte deve pedir a nota fiscal eletrônica toda
vez que pagar por um serviço.
A emissão da nota é obrigatória desde junho para empresas
que têm faturamento anual superior a R$ 240 mil. Basta que
o cliente informe seu CPF ou
CNPJ para que sejam incluídos
no site da prefeitura créditos
equivalentes a 30% do valor do
ISS que a empresa deve pagar.
Barrados
Imóveis devedores, com taxa
de lixo e outros tributos não-quitados, por exemplo, não podem receber o benefício. A restrição aplica-se também a imóveis que não foram recadastrados até o dia 31 de outubro.
Pessoas que tenham dívidas
pendentes com a prefeitura,
como multas de trânsito, também perdem os créditos.
Se não houver nenhuma dessas restrições, o abatimento pode chegar ao limite de 50% no
IPTU de cada imóvel.
Mas a prefeitura reconhece
que, neste ano, o teto dificilmente será alcançado.
"Foram só quatro meses de
acumulação, e só agora a divulgação começa a ser maior", justifica Tormin. Até o dia 31 de
outubro, foram gerados R$ 16,2
milhões de créditos, menos de
1% da arrecadação da prefeitura com IPTU em 2006, que foi
de R$ 2,7 bilhões.
Em 2007, reajustes de até
10% no imposto de imóveis de
regiões centrais e de áreas nobres vão gerar um acréscimo de
R$ 62 milhões na receita do
município.
Há um projeto de lei para gerar créditos em nome de condomínios, grandes usuários de
serviços. Hoje ela é restrita a
pessoas físicas e jurídicas. "A
forma de aproveitamento dos
créditos deve ficar a cargo dos
condôminos", avisa o secretário-adjunto.
(DÉBORA FANTINI)
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