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MERCADO
Só distorção faz inquilino pagar mais pelos gastos ordinários do prédio que pela mensalidade cobrada pelo proprietário
Condomínio custa 39% menos que aluguel
Fernando Moraes/Folha Imagem
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A proprietária Marina Giancoli recebe o inquilino Christian Defontaine |
EDSON VALENTE
MARLENE PERET
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Como numa gangorra, aluguel
e condomínio rumam para sentidos opostos: enquanto o primeiro
teve reajustes 4,9 pontos percentuais abaixo da inflação em 2003,
o segundo a seguiu de perto
-ficou só 1,6 ponto percentual
atrás, considerando-se o IPCA.
Assim, já há inquilinos que pagam mais pelos gastos ordinários
que pela mensalidade de locação.
Com base em dados da Aabic
(associação das administradoras), a Folha calcula que, mantidos os índices de 2003, em dez
anos o valor do condomínio vai
superar o do aluguel. Hoje, em
média, ele vale 39% menos.
"A locação tem seu valor regido
pela lei da oferta e da procura",
afirma Claudio Anauate, 58, presidente da Aabic. "Já o condomínio é um rateio de despesas. Se,
em relação à inflação, um caiu e o
outro acompanhou, a tendência é
a de se aproximarem", analisa.
Para não deixar o imóvel vazio,
"o locador prefere receber um
valor mais baixo que o de mercado, já que três meses de apartamento vago valem 24% do aluguel de um ano", afirma Hubert
Gebara, 68, vice-presidente do Secovi (sindicato da habitação).
A equiparação de aluguel e condomínio pode ainda ser explicada
pela má administração do prédio.
Nesse caso, "o custo pode crescer
até 15%", calcula Anauate.
"A inadimplência também faz subir o valor do condomínio, por isso a cobrança tem de ser ágil."
Estratégias
Para fisgar inquilinos, são usadas estratégias "promocionais",
como juntar aluguel e condomínio em um valor único, fixo. "É o
pacote", define Roseli Hernandes,
42, gerente de locação da administradora Lello. "Com isso, o inquilino se tranqüiliza em relação a
eventuais aumentos do condomínio, bancados pelo locador."
O não-reajuste é a arma de
quem não quer perder um "inquilino de confiança". Foi o que fez a
dona-de-casa Marina Giancoli,
55, que aluga, há três anos, um
apartamento no Paraíso (zona
sul) para o professor Christian
Defontaine. "Ele pediu que eu não
reajustasse o aluguel, de R$ 1.500,
pois não teria como custear condomínio e IPTU, que somam R$
1.545", justifica. "Aceitei, pois prefiro alguém pagando direitinho."
A psicóloga Judith Schiff, 50,
paga R$ 700 por um pacote,
em um apartamento de dois
quartos no Brooklin (zona oeste),
quantia que daria só pra cobrir o
aluguel, se fossem observados os
valores de mercado. "É de uma
amiga e estava fechado. Ela justifica que é melhor ganhar pouco e
não arcar com o condomínio."
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