São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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Reúso de água dilui gastos do prédio

Tratar efluentes domésticos reduz conta do insumo em 50%

Rafael Hupsel/Folha Imagem
No Centro Empresarial e-business Park (zona oeste de SP), sistema trata água para o jardim


CRISTIANE CAPUCHINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Armazenar chuva para limpar o quintal e regar plantas é prática comum em época de rodízio no fornecimento de água.
Mas, em prédios comerciais e residenciais, os sistemas de tratamento já vão bem além desse tipo de aproveitamento e permitem cortar até pela metade o valor da conta de abastecimento e esgoto.
Os processos mais conhecidos de filtragem e cloração foram incrementados com o tratamento da água de ar-condicionado e das águas cinzas -efluentes domésticos, com exceção dos da bacia sanitária e da pia de cozinha.
Após a passagem pela estação, a água de reúso pode ser utilizada em jardinagem, na limpeza e no reabastecimento dos vasos sanitários.
Embora o investimento seja alto, a redução nas contas de água e esgoto pode atrair até mais que o engajamento ambiental.
"A instalação de uma estação autônoma no condomínio pode gerar uma economia de 50% no consumo mensal", afirma Marcelo Zanini, diretor da Biosistemas Ambiental, especializada em sistemas de tratamento.
Os valores deduzidos da conta dizem respeito não só ao volume de água potável economizado. Envolvem a redução do volume de esgoto descarregado na rede pública de saneamento, pois a conta de água é dobrada pela cobrança de abastecimento e descarga do líquido.
Condomínios que possuem estações autônomas de tratamento instalam um segundo medidor na saída do esgoto, para que seja computada pela concessionária apenas a quantidade eliminada na rede.
Cerca de 70% dos dejetos de unidades domiciliares são compostos por águas cinzas.
O primeiro passo para implementar um programa de conservação de água é o estudo da distribuição do consumo.
O projeto varia com especificidades dos sistemas e usuários e deve ser específico para cada empreendimento.
"Precisa ser feito um balanço hídrico para saber qual é a demanda de água de reúso e a capacidade de produção", diz Sybille Muller, engenheira da fornecedora AcquaBrasilis.
O dimensionamento será importante na decisão do tipo de sistema e para o seu melhor aproveitamento, evitando a produção além da necessidade.

Mercado imaturo
Apesar do aumento na demanda por projetos de estações de tratamento para reúso em residenciais, especialistas alertam que as construtoras pouco se preocupam com o custo de manutenção e com a economia a longo prazo, preferindo fazer cortes no investimento inicial.
"As construtoras investem para a venda de imóveis a curto prazo e deixam de gastar em um sistema econômico a longo termo", fala Gilson Cassini, presidente do Sindesam (Sindicato Nacional das Indústrias de Equipamentos para Saneamento Básico e Ambiental).
"É uma conta que depende do tipo de empreendimento", aponta André Aranha, consultor do SindusCon-SP (sindicato de construtoras).
"No mercado imobiliário residencial, a vantagem precisa ser percebida pelo comprador que esteja disposto a gastar um pouco mais na compra e economizar ao longo do tempo."


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