São Paulo, domingo, 08 de dezembro de 2002

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PLANO DIRETOR EM DEBATE

Distrito também é carente de segurança, hospitais, escolas, transporte e empregos

São Mateus ainda tem ruas de terra

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não é fácil a situação de São Mateus, que tem toda sorte de problemas estruturais. "É um distrito extremamente pobre, carente de tudo", analisa Carlos Roberto Soler, 54, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) e coordenador-geral do fórum de desenvolvimento local. "O crime começa a dominar a região, a ponto de grandes lojas hesitarem em fazer suas entregas."
A ausência de condições básicas reflete a pobreza na região. As ruas de terra denunciam claramente essa realidade, conta Jandira do Carmo, 50, diretora da Sociedade Amigos de São Mateus.
Mas, se sobram preocupações, "o distrito é um dos poucos da cidade que pode crescer", diz Soler. Já há até projetos ambiciosos, como o de uma universidade para a população de baixa renda e outro que sugere dois pólos industriais -de reciclagem do lixo e de tecnologias avançadas.

Praça de guerra
Antes de vôos mais altos, porém, é preciso abordar questões emergenciais, como a de locomoção. No distrito, não há transporte coletivo rápido e nem um projeto de metrô. O estado de conservação dos ônibus deixa a desejar, "e eles não cumprem os horários", lembra Marlene Tofolletti, 42, vice-presidente da Sociedade Amigos do Jardim Colonial.
As vias de acesso também não ajudam. Franco Torresi, 63, subprefeito do distrito de São Mateus, propõe a criação de um corredor exclusivo para os ônibus na avenida Aricanduva.
Nem aos domingos a região está livre de complicações. Na "feira do rolo", que acontece no bairro Jardim Colonial, há comércio à base de troca. "É uma praça de guerra, onde se encontram objetos roubados e até armas", denuncia Tofolletti.
Faltam ainda equipamentos e remédios nos postos de saúde, leitos hospitalares e áreas de lazer. "Queremos levar os meninos a praticar esportes, mas há poucas praças no distrito", diz Soler.
Abrir escolas nos finais de semana, argumentam os moradores, minimizaria o problema. Entretanto, a comunidade pondera que teria de disponibilizar monitores, para evitar depredações.
As enchentes, por sua vez, continuam fazendo muito estrago. Os córregos que desembocam no Aricanduva "carregam sofás, cobras, pneus e até carro roubado", lamenta Tofolletti.
(EDSON VALENTE)


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