São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

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PRESTAÇÃO FIXA

Apesar da baixa adesão ao plano, taxa de juros não cai

De acordo com os bancos, o problema é a fonte de captação do dinheiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Se, do lado de quem quer financiar, questiona-se a vantagem dos planos de parcelas fixas, do lado dos bancos também ainda não há um veredicto sobre se eles são bom negócio.
Para alguns deles, o produto não "decolou" como se esperava. Luiz Antonio Rodrigues, 62, diretor de crédito imobiliário do Itaú, que lançou a modalidade em fevereiro deste ano, afirma que isso ocorre porque os juros não são os mais adequados para o bolso do cliente.
Ele justifica que os bancos não têm como viabilizar taxas menores para esse tipo de financiamento.
"Quando o disponibilizamos, discutimos com o Banco Central a possibilidade de utilizar recursos da poupança para o plano de parcelas fixas, mas não houve resposta", relata.
Assim, a fonte de captação possível é o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), dinheiro que um banco empresta de outro e que sai mais caro para as instituições do que o que é captado em poupança.
"Ele me custa 15% anuais, então não posso "vendê-lo" por menos que 18% ou 19%", calcula Rodrigues. "O fundo da poupança me custa 6,17% mais TR. Com ele, poderia viabilizar taxas menores para o mutuário."
"As taxas desses tipos de financiamento tendem a baixar", prevê João Crestana, 51, vice-presidente de incorporações do Secovi-SP (sindicato da habitação). "Começaram em 21%, em 2005, e já chegam a 16%."

Sem euforia
No caso do Itaú, diz Rodrigues, os planos de mensalidades fixas respondem por menos de 5% do total de financiamento imobiliário contratado.
O Real ABN Amro também não demonstra grande euforia com seu novo produto. "Não sei se já é o momento ideal de tê-lo em carteira ou se vai vender muito, ainda não está na cultura do brasileiro que compra imóvel", analisa Hus Morgan Daroque, superintendente de crédito imobiliário. "Mas os clientes precisam começar a se acostumar", declara.
O Santander Banespa tem um diagnóstico bem mais otimista sobre o desempenho dos planos de parcelas prefixadas.
Pioneiro na empreitada com o SuperCasa 10, que surgiu em 2005, transformou-o em SuperCasa 20 neste ano, abrangendo não só imóveis que custem R$ 350 mil ou mais -como o plano inicial- mas também os de a partir de R$ 40 mil.
"Hoje, 40% dos financiamentos do banco são de parcelas fixas", dimensiona José Manoel Alvarez Lopez, 40, superintendente de crédito imobiliário.
"Redefinimos a faixa de valores de imóvel porque detectamos uma demanda muito forte de clientes em busca de financiamento com parcelas iguais para bens com preço menor do que R$ 350 mil", conta.
Itaú e Real ABN Amro também oferecem a linha para imóveis mais baratos.

Maturação
Entre os extremos, o Bradesco oferece uma avaliação ponderada de seu plano com parcelas prefixadas. "Vem atingindo uma expectativa de crescimento gradativo", formula Alexandre Glüher, 45, diretor de empréstimos e financiamentos.
"Está em fase de maturação e sua representatividade gira em torno de 15% dos contratos de financiamento fechados."
O banco oferece esse produto apenas para a aquisição de imóveis que custem a partir de R$ 350 mil.
Ainda neste mês, haverá mais uma alternativa no mercado, a do HSBC, segundo sua assessoria de imprensa. O banco ainda não divulga informações sobre as condições do plano de parcelas fixas que vai lançar. (EDSON VALENTE)


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