São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2004

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ZONEAMENTO

Para alguns, alta será de até 8%, mas as previsões chegam a 20% devido ao encarecimento de terrenos

Aumento de preços divide especialistas

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As mudanças da nova Lei de Zoneamento ainda confundem os especialistas. "É tão complicada que não se sabe ainda qual será o comportamento do mercado", diz Claudio Bernardes, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato de construtoras e imobiliárias). "Vamos avaliar na prática", afirma.
Uma das principais questões que dividem o mercado imobiliário é a definição sobre possíveis aumentos de preços em novos empreendimentos. João d'Avila, sócio da consultoria imobiliária Amaral d'Avila Engenharia de Avaliações, arrisca um palpite: aposta em alta de 3% a 8%.
"Para construir, os incorporadores terão de pagar o valor da outorga onerosa à prefeitura. Absorverão esse gasto extra minimizando seus custos ou diminuindo seus lucros. Senão es- se custo será repassado para o consumidor", prevê o consultor.
A previsão de alta de Orlando de Almeida Filho, sócio-diretor da imobiliária Triumpho e presidente do Sindicato de Corretores de Imóveis no Estado de São Paulo, é mais drástica: bate nos 20%. Ele diz que isso vai acontecer por causa da elevação do custo dos terrenos. "Caso contrário o incorporador não terá valor de reposição para comprar novos lotes."

Mágica
"Teremos de fazer mágica. Os terrenos vão custar mais daqui a 120 dias, não haverá como repassar o aumento para o preço final", avalia Antonio Setin, presidente da incorporadora Setin. "O mercado não o assimilaria."
Nem todos arriscam palpites. Para Paulo Menezes, 49, sócio da consultoria Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), "ainda é cedo para prognósticos. Os corretores sabem muito pouco sobre a nova lei".

Adensamento
Mas as transformações não provocam apenas reclamações. "No conjunto da lei, há muitas possibilidades de adensamento", conclui o consultor imobiliário Ricardo Barbara, 64. Isso significa que os incorporadores terão mais possibilidades de lançar empreendimentos em outras áreas até agora pouco exploradas.
E também terão mais trabalho para aprovar os projetos na prefeitura, enquanto as novas regras ainda estiverem em fase de assimilação. Na opinião de Alberto Botti, 73, presidente do conselho da Asbea (associação de escritórios de arquitetura), "o mercado imobiliário vai se ressentir dessa dificuldade".
"Tudo ficou bem mais complexo do que se imaginava, com o grande número de zonas criadas pela nova Lei de Zoneamento e sobrepostas aos planos das subprefeituras", finaliza Bernardes, do Secovi-SP.(EDSON VALENTE)

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