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Projetos sustentáveis são minoria
Lançamentos com itens para economia de água e energia barateiam condomínio em 15%
André Porto/Folha Imagem
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Equipamento para reúso de água que é instalado em condomínios e gera economia do insumo |
EDSON VALENTE
DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em lançamentos imobiliários, captadores de energia solar e sistemas de reúso de água
de chuva passam a ser incluídos
nos projetos e barateiam em
até 15% as despesas de condomínio, além de servirem de
chamariz de marketing para
compradores antenados com a
preservação do ambiente.
Mas não adianta tapar o sol
com a peneira: iniciativas de
sustentabilidade na construção
civil brasileira ainda são uma
gota de água no oceano.
"Falta consciência do mercado consumidor, do incorporador e do construtor, nessa
ordem", afirma Mauricio Linn
Bianchi, 45, coordenador
do Comitê de Tecnologia e
Qualidade do Sinduscon-SP
(sindicato de construtora).
Apesar de iniciativas como
as do Comasp (Comitê de Meio
Ambiente, Segurança e Produtividade do Sinduscon-SP),
que promove eventos e palestras, Bianchi admite que mudanças maiores só ocorrerão "a
médio e a longo prazos".
Dois outros fatores contribuem para retardar esse
processo. De um lado, não existe um padrão de certificação
para sustentabilidade que seja
especificamente adequado às
condições ambientais brasileiras.
De outro, incorporadores argumentam que tornar um empreendimento "verde" pesa no
orçamento. "Isso custa, e as
margens de lucratividade no
país são apertadas", observa o
vice-presidente de Tecnologia
e Relações de Mercado do Secovi-SP (sindicato da habitação
de São Paulo) Alberto Du Plessis Filho, 47.
"Ainda não se assimilou que
há benefícios econômicos e
ambientais a longo prazo", rebate Giorgio Vissano, 55, diretor da incorporadora Setin, primeira a adotar, em residenciais, sistemas de reúso de água,
que consomem 1% do custo total do empreendimento.
Vanderley John, professor de
engenharia civil da Escola Politécnica da USP (Universidade
de São Paulo), aponta que, com
a mudança climática do planeta, os custos de energia e de gestão de resíduos devem subir.
Dessa forma, a sustentabilidade passa a ser cada vez mais
uma questão econômica, "que
inclui o custo da taxa de condomínio", lembra John.
Apelo ao bolso
Segundo especialistas, o reúso de água pode tornar as mensalidades do prédio 15% mais
baratas, uma vez que a conta
desse insumo costuma ser o segundo maior gasto condominial -só perde para o pagamento de mão-de-obra.
A primeira tentativa de vender edifícios sustentáveis teve
como apelo a sensibilização sobre danos ao ambiente, mas
não obteve o retorno esperado
pelos incorporadores.
"Assim, o que se defende hoje
na construção civil nos Estados
Unidos e na Europa é atrelar
como argumento benefícios de
redução de desperdício de resíduos e de consumo que se traduzem em economia nas taxas
de condomínio. As pessoas são
mais sensíveis a isso", diz Vanessa Gomes, professora de engenharia civil, arquitetura e urbanismo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Com DENISE BRITO, Colaboração para a Folha
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