São Paulo, domingo, 14 de março de 2004

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HOTÉIS

Superoferta em São Paulo faz preço cair na disputa pelas fatias de mercado; sobrevive quem tem fôlego financeiro

Redes expandem 1.247% em 18 anos

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os hotéis individuais perderam espaço no mercado paulistano, revela pesquisa da BSH Travel Research. O número de apartamentos de redes (incluindo flats) cresceu 1.247% nos últimos 18 anos (1985-2003) -passou de 2.081 para 28.033 unidades. O maior crescimento ocorreu na categoria quatro estrelas (1.859% -de 1.035 para 20.277 unidades).
"A atividade dos hotéis de quatro ou cinco estrelas está globalizada", analisa Nelson Baeta Neves, 72, presidente da Abih-São Paulo (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis). "Com a necessidade de buscar hóspedes fora do Brasil, é preciso estar vinculado a cadeias internacionais, com o nome da bandeira ou com um sistema de reservas", analisa.
Nesse cenário de superoferta, acrescenta, tanto os proprietários de flats quanto os donos de hotéis têm empobrecido. "Na disputa pelo hóspede, os preços baixam. Sobrevive quem tem fôlego financeiro -ou seja, as grandes redes." Ele lembra que cidades como Nova York conseguem manter um valor médio de diária alto -superior a US$ 200, no caso dos EUA- porque mantêm o equilíbrio entre oferta e demanda.
"Lá, com forte turismo cultural, gastronômico e de negócios, há 37 milhões de visitantes por ano, para uma oferta de 66,5 mil unidades", contabiliza. "Em São Paulo, há quase 60 mil apartamentos, mas o número de visitantes não chega a sete milhões", compara.

Insatisfatório
O cinco-estrelas Grand Hyatt São Paulo, no Morumbi (zona oeste), inaugurado em setembro de 2002, valeu-se da diversidade de serviços -tem uma área de eventos e um spa, além de restaurantes- para compensar os resultados "insatisfatórios" oriundos da receita dos apartamentos.
"Quando compramos o terreno para construí-lo, em 1997, a expectativa era boa, mas a economia mudou muito desde então", explica Myles McGourty, 45, vice-presidente para a América do Sul da Hyatt International. No primeiro ano de operação, a taxa de ocupação não passou dos 30%, sendo que a meta era de 60% a 65% na época do projeto.
"Desde setembro de 2003, notamos um leve crescimento. Fechamos fevereiro deste ano com 40%, impulsionados por uma grande convenção médica no bairro", afirma. "E, para março, o objetivo é aproximar dos 50%."

Investidores
Entre as saídas adotadas pelos grandes grupos empresariais para a crise, está a comercialização das unidades dos hotéis de cinco estrelas como se fossem flats. "O risco do negócio, nesse caso, passa a ser dos condôminos, que adquirem os apartamentos como investimento. É fácil expandir assim", pondera o presidente da Abih.
(EDSON VALENTE E MARLENE PERET)


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