São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009

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OS 7 MAIS SUSTENTÁVEIS

Valorização não costuma refletir sustentabilidade

Mercado imobiliário paga mais por condomínios fechados e vagas de garagem

DA REPORTAGEM LOCAL

"Para se pensar uma cidade sustentável, é imprescindível que se considere o crescimento dela", inicia o arquiteto David Douek. E falar da cidade é falar da reunião dos distritos -as unidades que dela fazem parte.
Foi pela necessidade de ajuste de cada uma dessas unidades para a melhora do todo que o governo francês criou um concurso de "ecobairros" -que serão avaliados entre 15 e 19 de junho- para incentivar a adaptação da França a critérios de crescimento sustentável.
Entre esses critérios estão fornecimento de água, rede de esgoto, condições de moradia, conservação e limpeza de ruas, opções de transporte coletivo, áreas de lazer e para esportes, acessibilidade das vias para deficientes, coleta do lixo, qualidade do ar, conservação de áreas verdes e segurança.
Se parecem requisitos óbvios no momento da escolha de um imóvel para morar com qualidade de vida, também está claro que o crescimento de grandes cidades como São Paulo -e mesmo a valorização imobiliária de seus bairros- não se deu pautado por eles.
"Alguns parâmetros são básicos, como a quantidade de área verde por habitante. Há áreas de São Paulo com muito menos que os 12 m2 por habitante recomendados pela ONU (Organização das Nações Unidas)", cita o arquiteto Carlos Leite.

Mobilidade
"A circulação dos habitantes na cidade é um ponto essencial. À medida que há transporte público, as pessoas moram mais perto, gastam menos com locomoção e usam menos energia de origem fóssil [gasolina ou diesel]", pontua Douek.
"Em uma cidade sustentável, tudo chega de maneira mais barata e com uso de menos energia", diz o arquiteto e ambientalista Sérgio Prado. O morador tem em seu entorno tudo de que precisa no cotidiano.
A dificuldade de abrir mão do carro pela falta de metrô próximo, por exemplo, é o ponto que deixa uma região como Moema fora da lista de distritos paulistanos mais sustentáveis.
Apesar do problema com transporte, os lançamentos lá têm preço médio de R$ 5.957 o m2 -em Santana, por exemplo, ele vale R$ 3.787, segundo a consultoria Geoimóvel.
Imóveis próximos a áreas verdes e ao metrô já são normalmente mais valorizados.
Mas aspectos como acessibilidade das vias, áreas públicas de lazer e qualidade do ar, importantes para a integração e a diversidade dos moradores, nem sempre são pensados na precificação do metro quadrado e na hora da compra do bem.
O aumento de pessoas circulando a pé pelas ruas está ligado à sensação de segurança, fator de forte apelo em São Paulo. "A segurança impacta no uso de meios de transporte, no fato de ir a pé, na ampliação dos muros que criam sombra", exemplifica o arquiteto Douek.

Modelos
Quando esteve em São Paulo, em março, apresentando o projeto para uma cidade sustentável, Jean-Pierre Bardy, subdiretor do Ministério de Ecologia e Desenvolvimento Sustentável da França, afirmou: "A única maneira de pensar no futuro é ultrapassar as regras de hoje".
O discurso ecoa nas críticas a nosso modelo de mercado imobiliário. "Os bairros que mais se valorizaram estão saturados. São modelos excludentes, com muitas vagas na garagem, em condomínios fechados", afirma o arquiteto Leite. (CC)

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