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OS 7 MAIS SUSTENTÁVEIS
Valorização não costuma refletir sustentabilidade
Mercado imobiliário paga mais por condomínios fechados e vagas de garagem
DA REPORTAGEM LOCAL
"Para se pensar uma cidade
sustentável, é imprescindível
que se considere o crescimento
dela", inicia o arquiteto David
Douek. E falar da cidade é falar
da reunião dos distritos -as
unidades que dela fazem parte.
Foi pela necessidade de ajuste de cada uma dessas unidades
para a melhora do todo que o
governo francês criou um concurso de "ecobairros" -que serão avaliados entre 15 e 19 de
junho- para incentivar a adaptação da França a critérios de
crescimento sustentável.
Entre esses critérios estão
fornecimento de água, rede de
esgoto, condições de moradia,
conservação e limpeza de ruas,
opções de transporte coletivo,
áreas de lazer e para esportes,
acessibilidade das vias para deficientes, coleta do lixo, qualidade do ar, conservação de
áreas verdes e segurança.
Se parecem requisitos óbvios
no momento da escolha de
um imóvel para morar com
qualidade de vida, também está
claro que o crescimento de
grandes cidades como São Paulo -e mesmo a valorização
imobiliária de seus bairros-
não se deu pautado por eles.
"Alguns parâmetros são básicos, como a quantidade de área
verde por habitante. Há áreas
de São Paulo com muito menos
que os 12 m2 por habitante recomendados pela ONU (Organização das Nações Unidas)",
cita o arquiteto Carlos Leite.
Mobilidade
"A circulação dos habitantes
na cidade é um ponto essencial.
À medida que há transporte público, as pessoas moram mais
perto, gastam menos com locomoção e usam menos energia
de origem fóssil [gasolina ou
diesel]", pontua Douek.
"Em uma cidade sustentável,
tudo chega de maneira mais barata e com uso de menos energia", diz o arquiteto e ambientalista Sérgio Prado. O morador
tem em seu entorno tudo de
que precisa no cotidiano.
A dificuldade de abrir mão do
carro pela falta de metrô próximo, por exemplo, é o ponto que
deixa uma região como Moema
fora da lista de distritos paulistanos mais sustentáveis.
Apesar do problema com
transporte, os lançamentos lá
têm preço médio de R$ 5.957 o
m2 -em Santana, por exemplo,
ele vale R$ 3.787, segundo a
consultoria Geoimóvel.
Imóveis próximos a áreas
verdes e ao metrô já são normalmente mais valorizados.
Mas aspectos como acessibilidade das vias, áreas públicas
de lazer e qualidade do ar, importantes para a integração e a
diversidade dos moradores,
nem sempre são pensados na
precificação do metro quadrado e na hora da compra do bem.
O aumento de pessoas circulando a pé pelas ruas está ligado à sensação de segurança, fator de forte apelo em São Paulo. "A segurança impacta no
uso de meios de transporte, no
fato de ir a pé, na ampliação dos
muros que criam sombra",
exemplifica o arquiteto Douek.
Modelos
Quando esteve em São Paulo,
em março, apresentando o projeto para uma cidade sustentável, Jean-Pierre Bardy, subdiretor do Ministério de Ecologia
e Desenvolvimento Sustentável da França, afirmou: "A única maneira de pensar no futuro
é ultrapassar as regras de hoje".
O discurso ecoa nas críticas a
nosso modelo de mercado imobiliário. "Os bairros que mais se
valorizaram estão saturados.
São modelos excludentes, com
muitas vagas na garagem, em
condomínios fechados", afirma
o arquiteto Leite.
(CC)
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