São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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SÃO PAULO EM ZONAS - OESTE

Preço de apartamentos subiu em média 10% nos últimos cinco anos na região; um-dormitório teve maior queda e barateou 21%

Três-quartos bate recorde e valoriza 53%

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Dos acordes emitidos nos bares da Vila Madalena noite adentro ao som dos pássaros que embalam o amanhecer na Vila São Francisco, a região oeste se adap- ta a todos os estilos. Não é à toa que foi a campeã em crescimento de lançamentos na cidade.
Mas a grande oferta de imóveis não barateou os preços. O metro quadrado útil encareceu 10%, em média. O tipo de unidade mais disponível na região foi o que apresentou maior alta. Quem comprou um três-quartos na zona oeste viu seu patrimônio valorizar-se 53% em cinco anos.
Segundo especialistas, o responsável pelo aumento dos preços na região é o próprio consumidor. "A movimentação de profissionais liberais bem-sucedidos nos bares e restaurantes da zona oeste é o fiel retrato da demanda por imóveis aqui", compara o corretor Verany Bicudo, 75, que há 50 anos vende imóveis lá.
O grande número de novas empresas nas proximidades da avenida Nações Unidas também atrai um público de melhor poder aquisitivo para a região. "Trata-se de um perfil diferente de jovem, que quer constituir uma família."
O estilo é diferente do da zona sul, diz Bicudo, onde jovens solteiros que ganharam muito dinheiro nas empresas "pontocom" foram atendidos com produtos de um dormitório, como lofts.

Futuro
Dependendo da regulamentação do novo Plano Diretor, a ordem de zoneamento na zona oeste pode mudar. Com isso, distritos como o Butantã ganharão um limite vertical menor.
O resultado será terrenos mais baratos, mas imóveis mais caros. A aparente contradição tem motivo. Com a limitação de fazer menos unidades habitacionais em um mesmo terreno, os incorporadores barganham e pagam menos pela área. Em contrapartida, o número reduzido de apartamentos -aliado à alta demanda- deve pressionar os preços para o alto.
O consultor José Dutra Vieira Sobrinho, 65, especializado em financiamento habitacional, observa que o período pesquisado pelo Datafolha (1999-2003) coincide com a diminuição de empréstimos bancários para a aquisição da casa própria. "A grande oferta de imóveis de três dormitórios é justamente para quem tem capital guardado e não precisa recorrer aos empréstimos bancários."
"Priorizar a população de melhor poder aquisitivo na região foi o foco dos incorporadores nos últimos tempos", concorda o professor de economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) José Nicolau Pompeu, 58. Na opinião dele, a região atrai principalmente investidores. "Quem tinha acesso aos empréstimos bancários ou dinheiro em reserva buscou um imóvel na região. Houve muitos especuladores no período."(ELENITA FOGAÇA)

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