São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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PLANO DIRETOR EM DEBATE

Distrito sente mudança de vocação industrial para residencial; trabalhos estão no começo

Vila Prudente estuda trânsito e moradia

DA REPORTAGEM LOCAL

O distrito de Vila Prudente vem mudando de perfil na última década. De vocação industrial, experimenta agora o nascimento de grandes empreendimentos residenciais, a maioria em Jardim Avelino, bairro de famílias de classe média e média alta.
A infra-estrutura também é vista em bairros mais distantes, como é o caso do Jardim Iva, que "tem 100% de saneamento, saúde e educação", alardeia Antonio Vasconcelos de Souza, 50, presidente da sociedade do bairro.
Mesmo assim, há o que melhorar. "Existem vários terrenos públicos que poderiam ser reativados como praças e áreas de lazer", reivindica Oswaldo da Silva Santana, 64, presidente da Sava (Sociedade Amigos da Vila Alpina). Em compensação, o bairro recebeu de volta, há uma semana, o Centro Educacional e Esportivo Arthur Friedenreich, um dos únicos locais de lazer da região.
Já os moradores do residencial Marechal Mascarenhas de Moraes tentam preservar uma área perto da avenida Sapopemba para o futebol de fim de semana.
Pedem ainda o alargamento da avenida Prof. Luiz Ignácio Anhaia Mello, no caminho para Sapopemba. "O trânsito afunila e fica terrível", diz Afrânio Brenand da Silva, 44, presidente da entidade de moradores do condomínio.
A Anhaia Mello é alvo ainda de uma das operações urbanas previstas no Plano Diretor Estratégico, já aprovado. De acordo com Carlos Eli Gonçalves, 34, subprefeito de Vila Prudente, as propostas para ela saem até fevereiro.

Melhorias viárias
Os trabalhos da Vila Prudente estão atrasados em relação aos de outras subprefeituras. A fase é ainda de diagnóstico dos problemas, mas Gonçalves já anunciou que três grupos deverão discutir o zoneamento, o sistema viário e os temas sociais e de ambiente.
No item de melhorias viárias, uma das idéias é aproveitar a faixa da adutora da Sabesp, na av. Sapopemba, para tirar os ônibus da via e desafogar o tráfego da região.
Segundo Fernando Luiz Pires, 49, coordenador técnico do plano na Vila Prudente, os primeiros trabalhos já mostraram a necessidade de interligações transversais pelo distrito. Por isso estuda-se uma via que saia pela av. Eng. Tomás Magalhães até a av. do Estado. E, na Henry Ford, também há a possibilidade de mudanças que passariam sobre a linha do trem.

Habitação popular
Habitação também é um tema "quente" no distrito. Enquanto o Jardim Avelino tenta firmar-se como bairro residencial, outras áreas tendem a ser usadas pa- ra habitações populares.
Damásio Soares do Nascimento, 44, líder do movimento Santo Conte, está ajudando no levantamento dessas áreas. "De 15 anos para cá, mais de cem favelas foram formadas, mas há muitos exemplos de locais onde podem ser construídas habitações de interesse social, como nos 67 mil m2 das antigas fábricas abandonadas da família Matarazzo", revela. O movimento já identificou mais cinco exemplos desses.
Nascimento argumenta que a solução do problema habitacional é boa para toda a região. "O comércio local acabou, e a classe média que veio para os empreendimentos residenciais não compra nas ruas do bairro."
Porém, quanto à definição de áreas para projetos populares de habitação, Pires avisa: "Tudo cabe como proposta, mas, até chegar a lei, o caminho é bastante longo". (NATHALIA BARBOZA)


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