São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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Distrito de Capão Redondo tem ainda tudo por fazer

DA REPORTAGEM LOCAL

"Essa gente já sofre demais/São tratados como animais/E só querem um pouquinho de paz/E precisam ouvir Racionais", denuncia a música "Gente da gente", do Negritude Júnior e do rapper Mano Brown, líder do grupo Racionais MC's. É o retrato fiel dos moradores do distrito de Capão Redondo, que inclui os bairros Jardim Ipê, Valo Velho e Vila das Belezas.
Formado majoritariamente pela população de baixa renda, o distrito sofre com a falta de infra-estrutura básica. Em proporções inversas, tem profusão de favelas e loteamentos irregulares e escassez absoluta de equipamentos de lazer e de saúde (no Capão Redondo, não há hospitais).
Está tudo por fazer. Os representes locais esforçam-se em apontar as dificuldades. "Há um projeto antigo de canalização do córrego Pirajussara, que traria melhorias para a região, mas a prefeitura diz que não tem dinheiro", afirma Manoelito Rodrigues da Silva, 49, diretor financeiro da Associação dos Moradores do Conjunto Chico Mendes.
Da Silva afirma que não tem muitas informações a respeito dos parâmetros de discussão do Plano Diretor. "Ainda não sabemos até que ponto podemos discutir o assunto", protesta.

Mananciais
José Gregório de Jesus, 66, presidente da Sociedade Assistencial e Promocional do Capão Redondo, tem a mesma opinião. "Não há diálogo." Ele conta como prioritária a canalização do córrego Ribeirão dos Brancos, um dos muitos da região que transbordam.
O problema das cerca de 600 pessoas que moram no residencial Jardim das Rosas é um bom retrato do distrito. O condomínio tem 144 apartamentos, mas, nos 500 metros da rua Ana Aslan, onde está localizado, não há esgoto, iluminação pública e pavimentação. "Não somos reconhecidos porque estamos em área de mananciais", conta Florisvaldo Florêncio dos Santos, 32, advogado da associação dos moradores.
Os mananciais são a preocupação de Arnaldo Francisco da Silva, 48, presidente da Sociedade Amigos Unidos de Vila Remo. "Queremos fiscalização e orientação", diz. Para ele, a discussão também passa pelo traçado do Rodoanel.
O problema é de representatividade, diz Cleodon Silva, 53, diretor do Instituto Lidas, que estudou a região de Campo Limpo, onde está o distrito. "A atual divisão de São Paulo faz com que o cidadão tenha dificuldade de pensar a cidade, e só serve de referência para técnicos." (NB)


Associações:
Conj. Chico Mendes, 0/xx/11/5822-0121; Jd. das Rosas, 0/xx/11/5822-0206; Jd. Iva, 0/xx/11/9113-3870; Maeb, 0/ xx/11/6965-9997; Mascarenhas de Moraes, 0/xx/11/6119-6293; Santo Conte, 0/xx/11/6346-2826; Sava, 0/xx/11/ 6912-4822; Soc. do Capão Redondo, 0/xx/11/5870-7000; Vila Remo, 0/xx/ 11/5514-1490.


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