UOL


São Paulo, domingo, 18 de maio de 2003

Próximo Texto | Índice

Boas-praças

Fernando Moraes/Folha Imagem
Criança brinca no balanço da Praça Mateus Grou, que, com 848 m2, virou uma extensão do quintal e do térreo dos imóveis vizinhos


Multiplicam-se parcerias entre a iniciativa privada (incluindo construtoras e incorporadoras), o poder público e a comunidade em prol do lazer coletivo

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma nova alternativa de lazer público começa a se multiplicar na Grande São Paulo: a construção, a manutenção e a reforma de praças e parques por meio de parcerias entre a iniciativa privada, o poder municipal e a comunidade.
Em alguns casos, construtoras e incorporadoras assumem o papel de boas-praças na criação desses espaços de lazer público, visando a valorização imobiliária nas proximidades de empreendimentos em fase de lançamento.
O número de parcerias começou a aumentar, gradativamente, a partir do segundo semestre de 2001, após a entrada em vigor do decreto 40.530/01, que regulamentou os termos de cooperação entre a Prefeitura de São Paulo e a iniciativa privada.
"O processo ficou mais ágil e transparente com as novas regras e a descentralização para as subprefeituras", afirma Patrícia Marra, 39, chefe de gabinete da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente. "Mas é preciso avançar e dar estímulos fiscais para quem patrocina este tipo de iniciativa", opina Ricardo Pereira Leite, 44, diretor da Tecnisa.
A construtora foi uma das parceiras na construção da praça Aprendiz das Letras (que possui 500 m2 de área total), em Pinheiros (zona oeste), há dois anos. "Apoiamos por causa da finalidade social dos projetos desenvolvidos no local", justifica Leite.
Eduardo Della Manna, 45, diretor-executivo de legislação urbana do Secovi-SP (sindicato de construtoras e imobiliárias), faz coro: "O que existe, hoje, são iniciativas muito tímidas. É preciso lançar um projeto efetivo que beneficie toda a cidade".
Hoje, há 288 termos de cooperação vigentes na cidade de São Paulo. A campeã no quesito quantidade é a Subprefeitura de Pinheiros, com cem acordos, seguida pelas do Butantã e da Vila Mariana, ambas com 27.
A praça Mateus Grou, em Pinheiros, inaugurada dia 29 de março, é uma das mais recentes. "Como o lazer na região era restrito, percebemos a necessidade de uma praça", diz Luiz Dall'olio, 55, presidente da AMCMG (Associação de Moradores e Comerciantes da Rua Mateus Grou).
Orientada pela prefeitura, a AMCMG conseguiu o apoio de um banco, duas construtoras (Olipol e Krut) e seis lojas da região para bancar o projeto de R$ 75 mil da praça Mateus Grou, que tem 848 m2 -o parque Ibirapuera é 1.297 vezes maior.
"A praça Mateus Grou funciona como uma extensão do térreo e da área de lazer dos condomínios", diz André Krutman, 28, diretor da Krut. "Parece rua do interior, todos se conhecem e passeiam tranquilos", compara Eduardo Oliveira, 75, engenheiro da Olipol.
Apesar das iniciativas, os números da capital -4,6 m2 de verde por habitante, segundo os últimos dados disponíveis (1995)- estão muito abaixo da recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde), que é de 16 m2.
"Desde a década de 70, o índice foi caindo com o avanço urbano desordenado", diz a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Marlene Yurger. "Com 55 m2 por habitante, Curitiba é o modelo." (ALEXANDRE SAMMOGINI)


Próximo Texto: Condomínio: Mora aumenta e preocupa tanto quanto inadimplência
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.